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08/07/2019 10:26

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Apesar de arrecadação de R$ 270 milhões, Santa Casa vive ‘crise perpétua’

Ano após ano, maior casa de saúde do Estado acumula dívidas e ameaça suspender atendimentos

Notícias divulgadas semana passada suscitam uma reflexão acerca das finanças do maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa de Campo Grande, gerida há nove décadas por entidade filantrópica.  A questão é: por que a principal casa de saúde do Estado, ano após ano, sem faltar um deles, vive mergulhado num caos, beirando reiteradamente o colapso financeiro?

Quem mora em Campo Grande, de 1980 para cá, quase quatro décadas atrás, nem precisa forçar tanto a memória para recordar as inúmeras crises que atormentaram o hospital.

A Santa Casa já teve o pronto-socorro fechado e seus portões presos por cadeados, seguranças particulares ou, simplesmente, foi trancada para atendimento de emergência, sem prévio aviso.

Falta de dinheiro repetia-se como a justifica única para a suspensão dos acolhimentos médicos.  

PRIVADO E PARTICULAR

O beneficente, que funciona como hospital público e particular somente com convênios com a prefeitura da cidade, arrecada em torno de R$ 270 milhões.  Para a direção da Santa Casa, o dinheiro mal cobre os salários dos cerca de mil funcionários do hospital.

Semana passada, alegando atraso dos repasses da prefeitura, a assessoria jurídica do hospital entrou com ação na Justiça, como meio de receber os recursos, pedindo o confisco de R$ 19,5 milhões dos cofres municipais. Sentenças aplicadas em anos anteriores já bloquearem por diversas vezes recursos municipais por atrasos nas transferências de somas pelos cuidados médicos ofertados à população pelo hospital.

Ainda na semana passada, em Brasília, o prefeito da cidade, Marcos Trad (PSDB), disse ao ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), campo-grandense, ex-secretário municipal da Saúde do município, que desenvolve um projeto com a intenção de construir um Hospital Municipal. Toda cidade, principalmente as capitais, administram um hospital municipal.

Ouvidos pelo TopMídiaNews, dois ex-diretores do filantrópico, que pediram o anonimato, disseram que os políticos que comandaram a cidade de quase 900 mil habitantes, que completa 120 anos em agosto que vem, “sempre se acomodaram com a Santa Casa”.

As fontes disseram ao jornal que os prefeitos nunca brigaram por projetos pela criação do hospital municipal por “pura falta de interesse”.

Isso mesmo sendo que, de 1997 até 2012, período de 16 anos, a capital sul-mato-grossense teve vários médicos prefeitos – André Puccinelli (MDB), hoje fora da política, e Nelson Trad (PSD), que é senador hoje em dia. Aliás, lá na década de 1950, Campo Grande já era administrada por um médico, Wilson Fadul (morto em 2011), que depois virou ministro da Saúde.

INTERVENÇÃO E INVESTIGAÇÃO

De 2005 a 2013, o hospital da Santa Casa, por determinação judicial, sofreu intervenção por período de oito anos. Dívidas acumuladas motivaram a decisão. Mandaram no hospital nessa temporada representantes do Ministério Público, prefeitura, governo estadual e até do Ministério da Saúde.

Logo no início da intervenção, a Santa Casa transbordava-se em dívidas: R$ 48 milhões. Mas, a intercessão, ao invés de recuperar a fiabilidade financeira do hospital, piorou. Tanto que a Associação Beneficente de Campo Grande, entidade dona do hospital, reassumiu a administração com uma dívida de R$ 112 milhões.

Três anos depois, em 2016, técnicos da CGU (Controladoria Geral da União), identificaram furos na administração do hospital.

Relatório da Controladoria indicou que a Santa Casa recebera naquele ano R$ 208,5 milhões de recursos públicos, no entanto, os técnicos acharam gastos de R$ 84,3 milhões, cifra gasta com procedimentos médicos.

No ano seguinte, em 2017,  o poder público repassou R$ 200,4 milhões ao hospital, que comprovou gastos de apenas R$ 85,9 milhões. As investigações em nada deram.

Em 2019, o hospital novamente ameaça paralisação, desta vez por atrasos no pagamento de médicos e outros funcionários.

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