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Solidariedade dá casa nova e faz mulher conhecer chuveiro elétrico

25 dezembro 2015 - 10h34Por Alessandra Carvalho

Sebastiana Maria Ramirez, 51 anos, morou durante 20 anos em um barraco de madeira, onde as paredes ficavam de pé 'ajudadas' por papelão e o frio era constante. Agora, a dona de casa que sequer conhecia um chuveiro elétrico, uma casa de 27 metros quadrados de área construída com a ajuda da solidariedade de funcionários ligados ao Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias da Construção e do Imobiliário de Campo Grande).

Ela conheceu o presidente da Sintracom, José Abelha, durante as reuniões do trabalho do esposo, Silvio Ferreira, 43 anos,  que é filiado ao sindicato. A técnica de segurança do trabalho Kely Ribeiro, 37 anos, contou que o sindicato tem o costume de fazer um mapeamento nas residências do trabalhador, para verificar o que estão precisando e conhecer a real necessidade.  Quando foi visitada, Sebastiana fez o pedido de 'novos dentes', para poder sorrir.

 

Sebastiana, José e Silvio. Foto: Arquivo Familiar

Dona de casa, Sebastiana nunca teve o costume de pedir ajuda e percebeu que o sindicato ajudava as pessoas com cadeiras de rodas, exames, dentaduras e cesta básica.

Kely e José foram até casa da Sebastiana para levá-la até a clínica de dentista.  Ao chegar no local, o que chamou a atenção não era o sorriso, e sim a situação da casa de madeira, escondida no meio do papelão.  

"Chegamos no local e a casa estava caindo. Ela tinha dois sonhos. Uma casa de tijolos e dentes. Compramos o material de construção e tivemos a ajuda de um funcionário do sindicato, que entraram com a mão de obra e o Silvio também trabalhou como servente", diz José Abelha.

        Barraco de madeira e papelão que foi demolido. Foto: José Abelha


A doação custou R$ 8 mil e foram 40 dias de trabalho. "Como seria fácil se o governo fizesse algo para ajudar as pessoas que precisa. O sindicato saiu a campo para saber o que as famílias passam. Encontramos tantos casos de doença. Ajudamos várias pessoas deficientes que não tinham cadeira de rodas. E tem mais funcionários na lista que precisam e muito de ajuda. A dona Sebastiana e Silvio tem uma renda mensal de R$ 859 por mês e era difícil até para fazer o cadastro de financiamento de uma residência. A renda é muito baixa. O banco pede rende acima de R$ 1,3 mil para financiar uma casa. Estou à frente do sindicato há quatro anos e já vi casa coisa", lamenta José Abelha.

Kely Ribeiro explicou que Sebastiana não conhecia nem água encanada. "A situação deles era muito ruim. Eles tinham somente o terreno, casa mesmo não existia. As madeiras estavam velhas e degradadas. Conseguir realizar o sonho de uma família e realmente algo que não tem preço".

 

Kely disse que não tem preço ajudar as pessoas. Foto: André de Abreu. 

Sebastiana lembra que não tinha banheiro com descarga e chuveiro elétrico. "Quando foi construído o meu banheiro tive que perguntar para o pedreiro como fazia para dar a descarga. Era acostumada a usar balde para o vaso. O chuveiro com água morna foi outra descoberta, não sabia que tinha água fria e quente. Como é bom ter uma casa de tijolo. Era o meu sonho", diz, emocionada.

Os móveis da casa são todos brancos e foram achados na reciclagem. "Nada aqui é novo, é tudo usado e bem cuidado. Trouxe dos lixos, peguei na rua, pintei essas cadeiras, pintei a mesa, os armários de cozinha. Lavei esses paninhos de cozinha na água sanitária".

 

Ela ficou encantada com o piso da cor claro e chuveiro elétrico, e não deixa ninguém pisar no chão com os sapatos sujos. Sebastiana colocou regras e usa um chinelo branco de pelúcia para entrar na residência. "O piso e muito bonito. Para entrar aqui tem que passar o pé em dois panos", relata.

 

José disse que o sindicato quer comprar uma unidade movel para levar dentista aos trabalhadores. Foto: André de Abreu. 


O presidente da Sintracom, José Abelha, disse que o  próximo passo e garantir o sorriso dos trabalhadores da área da construção civil.  "Temos 7 mil pessoas sindicalizadas e em torno de 20 mil trabalhadores. A nossa intenção e conseguir uma unidade móvel com profissionais da área de odontologia para levar até as obras e cuidar da saúde bucal dos funcionários. Qualquer pessoa pode ajudar. Prefeitura e governo deveriam comprar material e as pessoas ajudam com mutirão. Cada um faz um pouquinho".

Silvio quer ajuda para conseguir emprego e pagar uma conta de água no valor de R$ 90. "Agora preciso só de emprego. Faço qualquer coisa".  Quem quiser ajudar pode ligar no telefone (67) 9247-7617.