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Anistia denuncia exploração de imigrantes nas obras da Copa 2022

Denuncia à FIFA

18 novembro 2013 - 10h00Por Redação

A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta segunda-feira a exploração "alarmante" dos trabalhadores imigrantes no Catar e pediu ao país que aproveite a organização da Copa do Mundo de 2022 para demonstrar respeito pelos direitos humanos. Em um relatório de 169 páginas, a AI afirma que alguns trabalhadores são tratados como "animais", uma palavra que os investigadores da organização ouviram do diretor de uma construtora para falar sobre os funcionários.

No documento, a organização de defesa dos direitos humanos pede à Fifa que pressione o rico emirado para que melhore as condições de trabalho dos estrangeiros, em sua maioria do sudeste asiático. O Catar anunciou que incluirá as conclusões da AI na investigação que solicitou a um escritório de advogados para esclarecer as acusações de exploração dos imigrantes.

- Nossas conclusões demonstram o nível alarmante de exploração no setor da construção no Catar. Não existe desculpa para que tantos trabalhadores imigrantes sejam explorados sem piedade e se vejam privados de seus salários em um dos países mais ricos do mundo - declarou o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty.

O relatório afirma que a exploração dos operários "em alguns casos se assemelha ao trabalho escravo". A Anistia denuncia o "não pagamento de salários, condições de trabalho duras e perigosas e condições de alojamento escandalosas", às vezes sem ar acondicionado em um país especialmente quente.

A organização destaca que "dezenas" de trabalhadores estrangeiros foram bloqueados durante meses por seus empregadores no Catar, o único país do Golfo, ao lado da Arábia Saudita, que impõe aos imigrantes a necessidade de permissão de saída. Shetty citou o exemplo de um grupo de 70 operários do Nepal, Sri Lanka e de outras nacionalidades, com os quais se encontrou na sexta-feira.

- Trabalham para uma empresa que constrói torres de muito prestígio em Doha. Não recebem pagamento há nove ou dez meses, não têm dinheiro nem para comer.

O relatório também cita um diretor de um grande hospital de Doha, que revelou que "mais de 1.000 pessoas foram internadas em 2012 na unidade de traumatologia por quedas no trabalho". Destes pacientes, 10% ficaram com algum tipo de invalidez, e "a taxa de mortalidade foi significativa", afirma o documento.

A Anistia Internacional detalha que alguns operários que sofreram abusos trabalham para empresas terceirizadas de multinacionais, como a Qatar Petroleum, a sul-coreana Hyundai E&C e a espanhola OHL.