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Após noite em prisão, Moreira Franco e coronel Lima chegam para depor na sede da PF no RJ

Os dois foram presos nesta quinta-feira (21), na mesma operação que prendeu Michel Temer

22 março 2019 - 13h20Por G1

Após passarem a noite na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, o ex-ministro Wellington Moreira Franco e João Batista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, foram levados, na manhã desta sexta-feira (22), para prestar depoimento na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro. O ex-presidente Michel Temer, que também foi preso na mesma operação, mas passou a noite em uma sala na sede da PF, também deve depor.

Segundo os procuradores do Ministério Público Federal, que chegaram na sede da PF por volta das 11h, informaram que os depoimentos serão colhidos de forma separada.

Por volta das 11h20, o ex-ministro Carlos Marun chegou à sede da PF para tentar fazer uma visita ao ex-presidente Michel Temer. “Nesse momento, o que dizem procuradores e juízes não me interessa. Quero saber o que eles provam. Em momento algum eles conseguem provar alguma coisa que justifique uma prisão preventiva. Então, nós temos a mais absoluta convicção de que, em brevíssimo tempo esse incrível erro do judiciário será revisto e o presidente voltará à liberdade”, garantiu Marun, que alegou que é advogado e por isso possui prerrogativa para visitar o ex-presidente.

Moreira Franco, que é ex-governador do Rio e ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer, foi preso ao sair do aeroporto do Galeão na quinta-feira (21).

Na cadeia com Pezão

Moreira Franco foi levado à noite para a Unidade Prisional Especial da PM. Ele está no mesmo presídio que o ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão.

João Batista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, é amigo de longa data do ex-presidente Michel Temer e foi preso no começo da tarde desta quinta em sua casa na Zona Sul da capital paulista. A mulher do coronel, Maria Rita Fratezi, também foi presa.

Organização criminosa

A Lava Jato do Rio diz que Temer é suspeito de liderar uma organização criminosa para desvios de dinheiro público que atua há 40 anos no Rio. O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro afirma que a soma dos valores de propinas recebidas ou prometidas ao suposto grupo chefiado pelo ex-presidente Michel Temer ultrapassa R$ 1,8 bilhão.

A Operação Descontaminação, deflagrada nesta quinta-feira, prendeu dez pessoas. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e são resultado da investigação sobre obras da usina nuclear de Angra 3, administrada pela Eletronuclear. O coronel Lima, um dos presos, é dono da Argeplan, empresa que tinha contrato com a estatal.

De acordo com a PF, a investigação decorreu de elementos colhidos nas operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade, embasadas em delação premiada.

A procuradora da República Fabiana Schneider, que também integra a força-tarefa da Lava Jato no Rio, disse que Argeplan cresceu a partir da atuação de Michel Temer. "Existe uma planilha que demonstra que promessas de pagamentos foram feitas ao longo de 20 anos para a sigla MT - ou seja, Michel Temer", justificou a procuradora.

Também segundo Schneider, foi verificado por meio de escutas telefônicas que coronel Lima "era a pessoa que intermediava as entregas de dinheiro a Michel Temer". "Não há dúvidas quanto a isso", disse a procuradora.

Investigações da PF e do MPF também demonstram que há fortes indícios de que a reforma no apartamento de Maristela Temer, filha do ex-presidente, foi feita com dinheiro de propina.

A defesa de Temer considerou a prisão “um dos mais graves atentados ao Estado democrático de Direito no Brasil”. Segundo o advogado Eduardo Pizarro Carnelós, a força-tarefa da Lava Jato não tem provas dos crimes supostamente cometidos por Temer, e a prisão serviu apenas para “exibição do ex-presidente como troféu”.