A cantora Luísa Sonza, processada por racismo, fez uma retratação em carta aberta publicada em suas redes sociais e se desculpou novamente à advogada que a processou por danos morais após ter sido confundida pela artista como funcionária de uma pousada. Sonza já declarou que fará o pagamento da indenização.
O fato ocorreu em setembro de 2018 quando Luísa pediu que a mulher pegasse um copo d'água para ela. "Eu reconheço que a maneira com que me dirigi a Sra. Isabel traduziu um ato de reprodução do racismo estrutural, o que de maneira nenhuma foi a minha intenção. Nesse contexto, venho a público pedir desculpas não somente a ela, mas a todos aqueles que já experimentaram as consequências do racismo estrutural", diz um trecho da carta. Não é possível saber se a carta foi uma obrigação da Justiça.
A cantora cancelou uma turnê em virtude do caso, e afirma que toda a situação tem servido de aprendizado, em vídeos postados em suas redes sociais. "Entendi que esse processo não era sobre a indenização, mas sobre o direito e o desespero de ser ouvida por uma situação que acontece diariamente com as pessoas e que a gente faz o tempo todo sem saber que está fazendo", começa.
Em seguida, emenda: "Minha decisão a partir do momento em que entendi tudo isso foi primeiro resolver todas as questões com a Isabel e também judicialmente. A nossa educação, nossa sociedade e nossa estrutura inteira são racistas. Não é que nós, brancos, temos culpa do que nossos antepassados fizeram, mas a gente tem a responsabilidade de mudar essa estrutura."
Conforme a cantora, a partir desse episódio ela conseguiu estudar a fundo a questão racial e explica que agora "é mais ainda uma responsabilidade minha falar sobre isso e ser uma pessoa de fato antirracista que tenta não contribuir para que isso siga existindo".
Nos autos do processo, a advogada alegou que não era demérito nenhum ser empregada, pois ela já havia trabalhado nessa área. Mas que a questão era o rótulo que uma pessoa negra recebia diariamente. "Por que a branquitude sempre nos enxerga nessa posição de serviçal? Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los, mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como eles?", questionou Isabel à época em entrevista ao site Notícia Preta.