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Avó diz que neta morta sofria maus-tratos e pediu para mãe guarda da criança

Pietra, de 3 anos, foi levada morta com sinais de violência para UPA

02 agosto 2019 - 12h34Por G1/ES

A avó da criança Pietra, de 3 anos, que foi levada morta com sinais de violência para o Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Carapina, na Serra, na madrugada desta quinta-feira (1º), diz que já tinha denunciado os maus-tratos para o Conselho Tutelar do município e pedia para a filha a guarda da menina.

A mãe levou a criança, com ajuda de um vizinho, para a UPA de Carapina, no Espírito Santo, por volta de 3h30 desta quinta-feira (1º). A mulher contou para a polícia que ela e o companheiro moram no bairro Jardim Tropical e brincavam com a criança quando a menina passou mal. Segundo a médica que atendeu a ocorrência, Pietra já estava morta e com sinais de violência.

A avó, Carla Patrícia Pinto, de 40 anos, contou que a filha morou com a menina em sua casa até um ano da menina, quando ela conheceu o companheiro e passou a viver com ele. De acordo com a avó, ela pediu para que a filha não levasse a criança e deixasse sob os cuidados dela.

Carla disse que percebeu que a menina estava sendo violentada no dia das mães do ano passado quando a filha mais nova foi dar banho em Pietra e viu dois hematomas nas coxas da criança. Nos últimos meses, a criança estava mais magra e quieta.

“Tinha marca de mão porque tinham batido nela. Eu fui lá e discuti com a minha filha, disse que mais uma vez que minha neta parecesse roxa dentro de casa eu ia chamar o conselho tutelar para ela. E ela disse 'pode chamar que eu não tenho medo'. A partir de então ela nunca mais olhou na minha cara, parou de falar comigo. Eu ia lá na casa dela e ela não me atendia. Eu procurava saber da vida dos dois e eles viviam bem, mas o pessoal na rua falava que minha neta estava muito magra, que não saia de casa, nem no quintal ela ficava. Por isso que eu queria que ela morasse comigo”, contou a avó.

Denúncia no Conselho Tutelar

A filha mais nova de Carla, que tem 16 anos, contou que já tinha procurado o Conselho Tutelar da Serra para denunciar as agressões.

“Procurei o Conselho Tutelar porque uma parente dele disse que a neném estava sendo maltratada. A gente pediu para ela deixar a neném com a gente e ela não quis. Procuramos o Conselho Tutelar e eles não fizeram nada. Eu fui lá na semana passada e vi como a menina estava magra e maltratada”, revela a irmã.

O coordenador da regional 3 do Conselho Tutelar da Serra, Jaziel Ferreira, que fica em Jacaraípe, disse que não foi localizada ocorrência com o nome da criança nos registros e que vão apurar e procurar os familiares de Pietra.

Violência

“Eu estou desolada, porque como mãe eu dou a vida pelos meus filhos e ela deixou acontecer o pior. Se realmente ela sabia de tudo que estava acontecendo dentro de casa e não socorreu a filha dela para que eu vou chamar ela de filha?”, questionou Patrícia sobre a possível omissão da filha.

Segundo a avó da criança, a filha foi vítima de uma tentativa de estupro aos 15 anos. “Ela não podia deixar isso acontecer com a filha dela. Eu não deixei acontecer com ela. Eu sei do que passou e eu protegi ela”, declarou.

Notícia da Morte

“Ô Carla, mataram sua neta”.

Foi dessa forma que Carla recebeu a notícia da morte da menina Pietra. “Eu entrei em estado de choque e falei que ele estava mentindo e eu fui lá para saber da verdade. O sogro da minha filha me falou que eles procuraram um carro para levar minha neta no hospital porque ela estava machucada e passando mal”, contou.

O casal relatou para os vizinhos que o padrasto brincava de jogar a menina para cima quando ela ficou tonta e passou mal. A mãe levou ela para atendimento médico. “Eu não acreditei nessa versão”.

A avó da criança está procurando os documentos da menina para levar para o DML para liberar o corpo. “Se eu soubesse o que ia acontecer com a minha neta, eu tinha pegado a criança mesmo que fosse presa”.

Investigação

A mãe, o padrasto e a avó da menina prestam depoimento na Delegacia Regional da Serra. O caso é investigado.