Polícia Federal apura uma possível ligação entre o PCC e advogados que defendem Adélio Bispo, autor da facada que feriu Jair Bolsonaro, em 2018. No entanto, direção da corporação classifica tese como frustrada.
Segundo a Folha de SP, essa linha de investigação ganhou força quando a investigação sobre a facada foi reiniciada, em 2022. Vale lembrar que dois inquéritos concluídos anteriormente, apontam que Bispo agiu sozinho ao esfaquear o então candidato Bolsonaro.
Pagamentos
Nessa apuração mais recente, foi observada a possibilidade de que, acusados de pertencerem à facção, estarem fazendo pagamentos para um dos defensores de Adélio. Porém, esses créditos teriam sido feitos dois anos após o ataque em Juiz de Fora (MG).
O advogado investigado, segue a Folha, nega qualquer vínculo com a facção criminosa e justifica os repasses de valores como pagamentos pela defesa de outros clientes, não Adélio.
Sigilo
Esse novo rumo de investigação ocorreu no final do governo Bolsonaro, ocasião que a Justiça finalmente autorizou a quebra de sigilo dos advogados de Adélio. Naquele momento, outro delegado da PF foi colocado para reiniciar o inquérito.
Frustrado
A Folha trouxe ainda que, para a cúpula da PF, o fato de os pagamentos sob suspeita terem sido realizados dois anos após o atentado é uma das inconsistências.
O caso atual é conduzido pelo delegado Martin Bottaro, considerado um dos principais especialistas em PCC na PF.
Notoriedade
Quando a tese que alguém teria patrocinado o ataque ao ex-presidente, foi arquivada, a hipótese mais cogitada pelos investigadores, era que os advogados fizeram a defesa de Adélio Biso, de graça, apenas em troca da notoriedade na mídia.
Facção
Nas apurações mais recentes, publicou o jornal paulista, o inquérito passou a apontar indícios de que o PCC fez pagamentos para Fernando Costa Oliveira Magalhães, um dos advogados que integrou a banca que fez a primeira defesa de Adélio.
A investigação, que teve acesso ao celular do advogado, observou pagamentos fracionados de R$ 315 mil, em 2020, ao profissional, que fez a defesa inicial do investigado. O dinheiro teria vindo de pessoas ligadas à facção e direcionadas a uma empresa do defensor.
A PF, também de acordo com o jornal, viu semelhança no valor pago a Magalhães e uma fala de outro advogado de Adélio, Zanone Oliveira Júnior. Este último declarou que, se tivesse cobrado algo para defender o preso, iria cobrar de R$ 150 a R$ 300 mil.
Outro indício que chamou a atenção dos policiais, foi um registro no livro-caixa de Zanone, com pagamento de R$ 25 mil e a rubrica ''caso Adélio''. Também haveria uma troca de mensagens em um aplicativo, em um grupo chamado ''Adélio PCC''.
Para a PF, segue o jornal, os R$ 315 mil viriam de empresas consideradas laranjas e utilizadas pelo "Setor de Ajudas" do PCC (estrutura cuja função é custear despesas de integrantes da facção).
Quem pagou?
A versão contada por Zanone, é que ele assumiu a defesa após ter sido procurado por uma pessoa, de uma igreja evangélica frequentada pelo Bispo. Essa pessoa lhe teria adiantado R$ 5.000 em dinheiro, tendo rompido contato após o recrudescimento da repercussão do caso.
Os advogados de Adélio nunca revelaram quem patrocinou a defesa.