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Estudo aponta impotência sexual como sequela para pessoas que venceram Covid-19

A prevalência de disfunção erétil em casos de covid-19 são maiores entre homens que sofrem de hipertensão, obesidade, diabetes e histórico de doença cardiovascular

21 abril 2021 - 10h44Por Dany Nascimento

Um estudo da Universidade de Roma, divulgado no mês de março aponta a disfunção erétil (impotência sexual) como uma das possíveis sequelas da covid-19. Cem indivíduos foram incluídos na análise (25 positivos para covid-19 e 75 negativos). 

Conforme o estudo, a prevalência de disfunção erétil foi de 28% no grupo cujos resultados foram positivos para covid-19, contra 9,33% do grupo cujos resultados foram negativos.

De acordo om o site R7, o urologista Fernando Nestor Facio Jr., membro da Sociedade Brasileira de Urologia, em São Paulo, confirma que esse tipo de caso tem se repetido em seus atendimentos.

"Tenho alguns pacientes que tiveram covid-19 de forma grave, ficaram intubados, permaneceram de 10 a 15 dias na UTI e hoje retornam com o critério de cura muito assustados, com muito medo e principalmente a função erétil debilitada", conta.

Ele acrescente que alterações hormonais, entre outras, também podem causar a disfunção erétil.

"É comum fazer a avaliação hormonal desses pacientes e em alguns deles parece que a baixa de testosterona também é uma contribuição para essa perda de massa muscular, todo o comprometimento feito pelo vírus também poderia estar comprometendo também a parte do libido. Tenho sim tido esses pacientes", ressalta.

A disfunção endotelial (alteração da camada que reveste os vasos sanguíneos) tem sido considerada como o potencial gatilho para o aparecimento de formas mais graves de covid-19, bem como a ligação entre diferentes comorbidades associadas à doença.

"Na verdade, a covid-19 é por todos os meios uma doença endotelial, na qual as manifestações sistêmicas da doença podem ser potencialmente decorrentes de isquemia tecidual (diminuição da passagem do sangue) resultante de alterações no equilíbrio trombótico e fibrinolítico endotelial (que evita coágulos)", ressalta um trecho do trabalho.
O estudo ressalta, ainda, que até mesmo casos de covid-19 assintomáticos podem desencadear problemas de ereção no futuro, em função do comprometimento vascular.

O urologista Carlos Alberto Ricetto Sacomani, doutor em Urologia pela USP (Universidade de São Paulo), explica que o resultado do estudo demonstra que a covid-19 causa esse acometimento vascular generalizado, chamado acometimento endotelial dos vasos sanguíneos.

"Isso pode estar relacionado com essa disfunção erétil, já que a ereção é um fenômeno puramente vascular, caracterizado pela chegada de sangue pela artéria cavernosa, no corpo cavernoso e ocorrendo com isso a ereção. O estudo mostrou essa influência. O tempo que isso dura não pôde ser avaliado, então não sabemos ainda se é temporário, definitivo, se há sequelas da performance sexual a longo prazo", observa.

Segundo o estudo, a gravidade e a prevalência de disfunção erétil em casos de covid-19 são maiores entre homens que sofrem de hipertensão, obesidade, diabetes e histórico de doença cardiovascular. E aqueles que já sofrem de disfunção erétil também podem estar incluídos nos grupos de risco quando contaminados pelo coronavírus.