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Geral

13/12/2019 10:47

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Vaqueiro fica preso mais de dois anos no lugar do irmão

Ele alegava ser inocente, mas não foi ouvido

O vaqueiro Eldis Trajano da Silva, 36 anos, ficou preso por engano, no lugar do irmão, durante dois anos e oito meses no sistema carcerário do Rio Grande do Norte. Ele foi confundido com o irmão Eudes Trajano da Silva, verdadeiro culpado pelos crimes de roubo, furto e falsidade ideológica, pelos quais ele acabou respondendo.

Conforme o G1, Eldis foi libertado na última segunda-feira (9). A advogada Marilene Batista de Oliveira contou que ele estava encarcerado desde abril de 2017, quando foi levado pela polícia do seu trabalho, no município de Pedro Velho. 

Eldis estava na propriedade do patrão, onde trabalhava como vaqueiro, quando uma guarnição policial o prendeu. Os policiais estavam atrás de Eudes, com “u” no início e “e” no final, irmão dele. Mesmo assim, o levaram. Os nomes parecidos teriam induzido ao erro. “Eles não pediram sequer uma identificação antes de prendê-lo”, reforça a advogada.

O engano ocorreu devido ao irmão dele, Eudes, que cumpria pena em regime semiaberto, não ter voltado para a unidade em que estava lotado. A PM então foi atrás do vaqueiro e o prendeu. 

Descoberta 

Mesmo alegando ser inocente, Eldis acabou na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP). Lá, uma enfermeira o procurou para lhe entregar a medicação de controle do HIV e ele afirmou que não era portador do vírus. 

Após essa informação, foi feito um exame no irmão preso, que constatou que ele falava a verdade e não tinha o vírus. Além disso, Eldis não sabe ler, e sequer sabia informar a data de nascimento, ou se seu nome era escrito com a letra “l” ou “u”. Os familiares acreditavam que Eldis estava morto, pois não tiveram nenhuma notícia durante o cárcere.

Em 2018, a advogada Marilene de Oliveira tomou conhecimento do caso e foi até penitenciária. Depois de diversas dificuldades, ela conseguiu a vitória, ao provar que crimes continuavam a ocorrer mesmo com Eldis preso. 

O irmão acabou preso em flagrante pela PM e tentou se passar por Eldis (já preso), aí que a verdade veio à tona. 

Eudes pediu perdão ao irmão pelos anos de prisão. O juiz Henrique Baltazar, da Vara de Execuções penais, alega que o caso Eldis é "muito complicado" e houve “um conjunto de fatores".

Para Baltazar, o fato de o próprio Eldis Trajano da Silva não portar documentos e não saber informar a maneira como se escreve o próprio nome pode ter confundido os policiais na hora do cumprimento do mandado.

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