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Inquérito indica que youtubers com entrada franqueada no Planalto ganharam R$ 2 milhões

Lucro advém de acesso privilegiado ao Palácio do Planalto e manifestos antidemocráticos indicou investigação; um deles chegou a ser preso e foi embora para os EUA

04 dezembro 2020 - 13h15Por Rayani Santa Cruz

O MSN Notícias divulgou o inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga a realização de manifestações com pautas antidemocráticas no Brasil. Documentos apontam que youtubers bolsonaristas lucraram até R$ 2 milhões com acesso privilegiado ao Palácio do Planalto e exibição de vídeos.

Nas mais de 1.000 páginas do inquérito, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo e publicado nesta sexta- feira (4), a Polícia Federal ainda investiga se assessores do governo federal vinculados ao chamado “gabinete do ódio”, como Coronel Cid e Tércio Arnaud Tomaz, recebem ordens do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho mais novo do presidente.

Instaurada no Supremo após o presidente Jair Bolsonaro participar de protesto em Brasília com faixas e palavras contra o Congresso Nacional e a favor de intervenção militar, a investigação foi aberta pelo ministro Alexandre de Moraes. Desde então, a PF conduz os trabalhos.

Conforme o site, Bolsonaro não é investigado no inquérito, já que o procurador-geral da República, Augusto Aras, não mencionou a participação do presidente no pedido de abertura de investigação. Já Carlos Bolsonaro é citado 43 vezes em depoimentos de testemunhas e investigados, segundo o Estadão.

Em 10 de setembro, o filho mais novo do presidente prestou depoimento à PF. Na ocasião, o vereador do Rio de Janeiro afirmou que nunca utilizou verba pública para manter canais e perfis em redes sociais, nem é “covarde” ou “canalha” para contratar “robôs”.

Os youtubers beneficiados

O inquérito ainda se debruçou sobre canais e youtubers que se beneficiam de acesso privilegiado ao Palácio do Planalto, como o Foco do Brasil, que pertence ao técnico de informática Anderson Rossi.

Em depoimento, Rossi admitiu ter sido orientado por funcionários da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) para obter, como se fosse uma emissora de televisão, as imagens de Bolsonaro e de eventos oficiais gerados pelo satélite Amazonas 3.

O dono do Foco do Brasil disse à PF que “recebeu as informações técnicas de como acessar o satélite” do gerente de operações da rede pública, identificado por ele apenas como “Bill”. Rossi também disse ter recebido, por meio de outro funcionário da TV Brasil, as senhas de acesso às imagens feitas pela emissora pública.

Procurada pela reportagem do Estadão, a EBC disse, em nota, que o Satélite Amazonas 3 é um canal de serviço disponível de forma aberta aos veículos de imprensa. A empresa pública, no entanto, não deu acesso à lista de canais do YouTube que utilizam o satélite.

Segundo relatório da PF, Rossi faturou US$ 330 mil (o equivalente a R$ 1,8 milhão na cotação atual de câmbio) com a monetização do canal no período de março de 2019 a março de 2020. Os vídeos com mais acesso do Foco do Brasil são feitos em áreas internas da residência oficial em que Bolsonaro conversa com apoiadores, longe do espaço reservado à imprensa.

Outro canal que tem lucrado com a proximidade com a família Bolsonaro é o Folha Política. De acordo com o proprietário do canal, Ernani Fernandes Barbosa, em depoimento à PF, seu faturamento mensal é de R$ 50 mil a R$ 100 mil por mês. Ele já teve 68 páginas e 43 contas derrubadas pelo Facebook por publicar notícias falsas e violar termos de uso da rede social.

O inquérito da PF mostra também elos dos assessores Tércio Arnaud Tomaz e Coronel Cid com o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Em depoimento, Cid admitiu que, como “mensageiro” de Bolsonaro, leva e traz recados de Allan para o presidente. Dono do canal Terça Livre, Allan dos Santos já foi preso pela Polícia Federal e agora mora nos Estados Unidos.