A ativista Vanuzia Leite Lopes, conhecida como Vana Lopes, primeira vítima a denunciar o médico Roger Abdelmassih, famoso especialista em reprodução humana, envolvido em múltiplos casos de abuso sexual contra pacientes, morreu neste sábado (28), aos 62 anos, vítima de um câncer de mama.

Segundo o site Metrópoles, a informação foi confirmada por Maria do Carmo Santos, presidente do grupo Vítimas Unidas, iniciativa fundada por Vana Lopes junto a outras vítimas do médico, após a repercussão do caso em 2008.

Da experiência vivida nos anos 1990, quando foi vítima dos abusos de Abdelmassih, resultou o livro "Bem-vindo ao Inferno", publicado em 2015, onde ela aponta várias irregularidades no trato do caso, como o "sumiço" de um boletim de ocorrência dentro de uma delegacia. 

O Metrópoles conta que Vana Lopes também atuou como articuladora das vítimas, reunindo diversos relatos e documentos que ajudaram as autoridades a elucidar o caso. Ao todo, foram identificados 48 estupros e 37 mulheres como vítimas.

A contribuição de Vana foi preponderante, já que Abdelmassih foi preso em 2014 após o depoimento dela. 

Ainda segundo o site, o ex-médico chegou a ser preso anteriormente, entre agosto e dezembro de 2009, mas obteve no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito de responder ao processo em liberdade. Foi condenado em 2010 pela Justiça à pena de 278 anos de reclusão pela prática de dezenas de crimes contra a dignidade sexual.

A pena foi reduzida a 181 anos, 11 meses e 12 dias de prisão. “A felicidade maior de mantê-lo na cadeia ameniza a dor da redução da pena”, disse Vana Lopes, na ocasião.

Roger Abdelmassih, porém, foi preso em 2014, em Assunção, no Paraguai. Em maio de 2021, o ex-médico, aos 78 anos, conseguiu o direito à prisão domiciliar. A decisão, porém, foi revogada pela Justiça de São Paulo e, atualmente, ele está preso em Tremembé, no interior paulista.