Nos últimos 20 anos, a chinesa Quan Youzhi, de 66 anos, levantou diariamente a tampa de um bueiro de 10 kg, pelas manhãs. Horas mais tarde, ela descia os 3 m de escada para passar a noite no local.

Não, Quan não trabalhava no lugar. O bueiro, ao lado era chamado por ela de “lar” — até a polícia descobrir sua casa e tirá-la de lá.

O esgoto-casa mede 3 m de largura, por 3 m de comprimento, por 2 m de altura, segundo o site de notícias Asiaone. O local está repleto de canos expostos, que poluem o minúsculo espaço.

Antes de morar no esgoto, que fica no distrito de Chaoyang, em Pequim, Quan vivia em Shangqiu, na Província de Henan. Quan relata que passou a morar no bueiro após sua casa em sua cidade-natal ter desabado. Sem grana para reconstruí-la, ela resolveu ir para a capital.

Jornalistas que visitaram o esgoto encontraram no local algumas colchas, velas, dois casacos e um guarda-chuva quebrado.

Segundo a moradora, o esgoto é um bom lugar para se viver durante o rigoroso inverno chinês, por ser bastante quente. Só que no verão ela mal conseguia ficar no local em razão da elevada temperatura. E, durante dias chuvosos, ela também era obrigada a deixar o local porque sua casa, certamente, ficaria inundada.

Segundo Quan, era comum que guardas bloqueassem a entrada do bueiro soldando a tampa. Mas, depois de alguns reveses, ela adquiriu uma serra para manter livre a entrada.

No início do mês, o bueiro foi fechado com cimento pelas autoridades da comunidade de Jiangtai, informa o Asiaone.

Segundo especialistas, idosos como Quan e seu marido têm dificuldades de receber assistência social do governo porque, segundo a constituição chinesa, a responsabilidade por esses idosos é de seus filhos, o que geralmente acaba não ocorrendo.