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Mulher que pediu Justiça pela morte do marido é presa como mandante do crime

A viúva deve ir a júri popular

13 setembro 2021 - 08h19Por Nathalia Pelzl

Ana Cláudia Flor, viúva do empresário Toni da Silva Flor,37 anos, morto há pouco mais de um ano em Cuiabá, foi presa. 

A mulher, que chegou a liderar uma mobilização na cidade pedindo justiça pelo assassinato do marido, é apontada como a mandante do crime, que teria sido planejado por motivação financeira.

Toni Flor, de 37 anos, foi assassinado no dia 11 de agosto de 2020. 

Conforme o G1, ele levou cinco tiros quando chegava numa academia. Imagens das câmeras de segurança mostram ele entrando no estabelecimento depois de ter sido baleado.

A vítima ainda passou por uma cirurgia, mas morreu no dia seguinte. A câmera da academia mostra que o atirador fugiu após os disparos.

Na época, Ana Cláudia Flor disse à polícia que o marido tinha sido vítima de um engano, e que o alvo era um agente da Polícia Rodoviária Federal que frequentava a mesma academia. 

Mas logo nos primeiros dias de investigação, a polícia descartou a versão de que Toni tenha sido confundido com algum policial na frente da academia. O agente rodoviário só treinava à tarde.

“A vítima saiu de casa às 6:30, o suspeito às 6:45 estava já na porta da academia. Era como se tivesse uma escuta dentro da casa da vítima”, disse o delegado Marcel Gomes de Oliveira, responsável pelo inquérito.

Duas semanas depois, no dia 27 de agosto de 2020, num telefonema anônimo para a delegacia, os investigadores ouviram um nome: Igor Espinosa. E seguiram em sigilo essa nova pista.

“A denúncia informava que o Igor teria comentado que teria matado um lutador de jiu-jitsu na porta de uma academia, e que esse crime teria sido encomendado pela viúva, pela esposa da vítima”, disse o delegado.

Depois da morte de Toni, Ana Cláudia deu entrevistas repetindo a versão do crime por engano. E começou a frequentar a casa da mãe dele. 

Além disso, Ana Cláudia organizou uma carreata em homenagem ao marido. 

Conforme o delegado do caso, quase toda semana a viúva ia à delegacia. "Ela sempre queria saber se havia suspeito. Era sempre essa pergunta: 'Já tem suspeito?'”, disse Oliveira.

Ana Cláudia e Toni estavam casados fazia 15 anos. Mas, segundo parentes dele, a relação sempre foi muito tensa.

No dia 11 de agosto de 2021, exatamente um ano depois do crime, Igor Espinosa foi preso em Cuiabá após morar três meses no Rio de Janeiro gastando o dinheiro que, segundo a polícia, recebeu para matar Toni Flor: R$ 20 mil reais, um terço dos R$ 60 mil que teria acertado com Ana Cláudia.

Quando Igor chegou à delegacia, a viúva de Toni estava lá. Depois, em conversa com um namorado, Ana Cláudia se mostrou preocupada. "Vai sobrar pra mim", disse ela em uma gravação.

Ana Cláudia foi presa no dia 19 de agosto e nega que tenha mandado matar o marido. O advogado dela diz que vai provar a inocência. “Ela não cometeu esse crime”, disse Jorge Henrique Franco Godoy. “A denúncia está feita, o Ministério Público tem todo o direito, a polícia fez a sua investigação. Cabe a nós agora refutarmos item por item no decorrer da ação penal".

Para o Ministério Público, foi na Cláudia quem encomendou a morte do marido. A viúva deve ir a júri popular.

Segundo a família, Toni não tinha bens em seu nome, mas estava crescendo financeiramente com a empresa de representação comercial de produtos alimentícios. Tinha uma renda de R$ 50 mil por mês. Depois da prisão de Ana Cláudia, todos os contratos foram desfeitos.

Igor Espinosa não constituiu defesa. Esta semana a prisão dos dois passou de temporária para preventiva.