A Informação
Câmara discutirá inclusão de Ritalina na merenda escolar
“É preciso uma cultura de obediência e padronização num mundo sem valores”, afirma idealizador do projeto que incluirá Ritalina na merenda escolar.
A Ritalina está para se tornar componente obrigatório na merenda das escolas públicas. A ideia é do deputado Júlio Santos do PPGI-RJ (Partido Progressista do Grande Irmão). A intenção é padronizar cabeças e dopar crianças para que estudem muito e questionem pouco. “Existe hoje a necessidade de criar uma cultura da obediência numa sociedade que se perdeu em excessos liberais. Assim evitamos agressões contra professores, cortamos esse papo de homossexualismo e nos prevenimos contra a presença de futuros adultos se rebelando contra políticos honestos. O lema é estudar mais, pensar menos”, afirma Santos. Segundo linhas do projeto, a ideia é ministrar 70 mg diários via oral diluídos nos sucos ou mesmo misturados aos alimentos. “Quiçá presente até nos bebedouros!”, afirma Júlio César Lombroso, diretor da Escola Estadual Emílio Guerra em Teresina no Piauí.
O fato
A história surgiu no site Diário Pernambucano e tem se alastrado pelas redes sociais, um amplo universo onde tudo vira verdade. De acordo com o texto seria possível criar uma geração de crianças obedientes, que estudassem muito, e que questionassem muito pouco.
A notícia está alarmando e provocando discussões sobre o uso do medicamento em crianças na idade escolar. O que essas pessoas não sabiam e outras ainda não sabem, é que o “Diário de Pernambuco” é um site especializado em produzir notas sem fonte de informação. Ou seja, eles trabalham, como o próprio site informa “com verdades incômodas e com mentiras convenientes”.
Se você ler a matéria com atenção, perceberá que não existe um partido político chamado “Partido Progressista do Grande Irmão”. E tem mais, é perceptível que as fontes de informação têm nomes fictícios, por exemplo, o nome do “farmacêutico” Marcel Hipocondreu Alves, faz referência à doença hipocondria, quando as pessoas creem que possuem doenças graves, mesmo sem evidência médica.
Fazer pensar
O grande auxílio que as “verdades” divulgados pelo site, é a chamada de atenção para o fato do medicamento Ritalina, mesmo não sendo incluso na merenda escolar como a falsa nota faz acreditar, tem sido utilizado indiscriminadamente no Brasil, tanto que o país chega ser o segundo maior consumidor de ritalina no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A droga
Segundo informação divulgadas pelo site da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) de São Paulo, para uns ela é uma droga perversa, Para outros a 'tábua de salvação'. Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Tem por objetivo melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo.
Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a Ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos.
Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente. "Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”.