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13/09/2018 08:57

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Ouvir com empatia e sem julgamento ajuda a prevenir o suicídio, dizem especialistas

Falar sobre suicídio requer uma atuação interdisciplinar envolvendo profissionais de saúde, assistência social, educação e segurança pública

Ouvir que está passando por um momento de sofrimento, com empatia e sem julgamentos, é a principal fórmula para prevenir o suicídio, destacaram hoje (12) especialistas durante a audiência pública "Setembro Amarelo - mês de prevenção ao suicídio". O debate aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa sob o comando da deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), autora da lei 4.777/2015, que dispõe sobre o tema.

Segundo o capelão Edilson dos Reis, gestor do Centro de Apoio Biopsicossocial do Corpo de Bombeiros e coordenador do Curso de Prevenção do Hospital Universitário, 8 a cada 10 atentados contra a vida poderiam ser evitados se a vítima tivesse atenção e carinho.

"Temos que entender que depressão é coisa séria. A dor não compartilhada dói muito mais e o julgamento destrói os sentimentos de quem está sofrendo. É preciso desconstruir esse tabu de que não se pode falar sobre suicídio e os problemas mentais. O antídoto contra esse problema é criar espaços de circulação de palavras e escuta da dor do outro", afirmou.

Segundo dados divulgados pelo psiquiatra Kléber Meneghel Vargas, professor do curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), quase 95% das pessoas que cometem suicídio possuem alguma doença mental, o que, por si só, já é um fator de risco.

"A avaliação do paciente deve levar em conta os três 'is', o intolerável, o inescapável e o interminável. É assim que a pessoa que passa por uma dor profunda enxerga seus problemas. Muito importante é não subestimar, achar que a pessoa está apenas querendo chamar a atenção. Valorizar a queixa não é fazer julgamentos", resumiu.

A psicóloga Paola Nogueira Lopes, gestora do Núcleo de Psicologia Educacional da Secretaria de Estado de Educação, destacou a importância de cuidar cada vez mais cedo dos sintomas da depressão. Para ela , o papel da escola e a articulação com as famílias são fundamentais nesse processo.

Outra alternativa para quem está em depressão e pensando em atentar contra a própria vida é a Musicoterapia. O assunto foi abordado pela especialista Mônica Deiss Zimpel.

Para ela, falar sobre suicídio requer uma atuação interdisciplinar envolvendo profissionais de saúde, assistência social, educação e segurança pública.

Conforme a médica Mariana Croda, superintendente de Atenção à Saúde da SES (Secretaria de Estado de Saúde), o diagnóstico do suicídio é difícil e construir políticas públicas que atendam a essas vítimas é um desafio. "A forma encontrada é dando as mãos", salientou.

Projeto desenvolvido pela secretaria contempla hoje os 15 municípios com maior incidência de casos. Nessas regiões, a SES atua em três eixos: notificação, prevenção (com foco na capacitação) e gestão da saúde (com destaque para a articulação da rede de atendimento).

Índices Alarmantes

Proponente da audiência pública, a deputada Mara Caseiro ressaltou que a temática do suicídio precisa ser discutida o ano todo, e não apenas durante o "Setembro Amarelo". Por esse motivo, busca subsídios para desenvolver novos projetos e propor políticas públicas de prevenção, sobretudo nas escolas.

Dados divulgados pela parlamentar durante os debates revelam que a cada 100 mortes registradas em Mato Grosso do Sul, 13 são por suicídio.

"Nosso Estado é o segundo do País com maior taxa de casos, e o número de tentativas também cresce ano após ano. Em 2017, por exemplo, o Corpo de Bombeiros de Campo Grande atendeu 925 tentativas de suicídio. Também precisamos pensar nos jovens indígenas, que hoje representam uma parcela grande de quem tira sua própria vida ", detalhou.

Para ela, o mais importante é entender e espalhar aos quatro cantos que o fim do sofrimento pode ser simples: com o rompimento do silêncio.

"A pessoa que está com esse problema dá alguns sinais. Cabe aos amigos e familiares servir como ponto de apoio e perceber esses sintomas. Na adolescência, esse sentimento pode ser ainda pior, pois nessa fase de transição, eles não sabem lidar com frustrações, e podem agir por impulso", alertou.

Mara Caseiro finalizou lembrando que há pontos de apoio importantes para quem sofre. Entre eles, o CVV (Centro de Valorização da Vida - telefone 188), o GAV (Grupo Amor e Vida - telefone 144), Corpo de Bombeiros (193) e Polícia Militar (190).

Ela também convidou a todos para a primeira marcha de prevenção ao suicídio, que acontece no dia 29 de Setembro, a partir das 9h, com concentração na Praça Ary Coelho.

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