Um dos denunciados por participar da fabricação de um documento falso para ajudar João de Deus é um policial militar de Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. De acordo com um promotor do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), uma vítima de abuso sexual foi levada, por esse PM e outras pessoas, a assinar uma declaração em cartório com informações falsas. Ela contou ao órgão ter se sentido intimidada porque o policial segurava a arma de forma ostensiva na frente dela o tempo todo.
O médium está preso há mais de três meses e é réu em processos de crimes sexuais, mas sempre negou os crimes. Atualmente, João de Deus está internado em um hospital de Goiânia por causa de um aneurisma, mas segue acompanhado de agentes penitenciários.
Sobre a denúncia contra o PM, a corporação informou que “não foi informada formalmente deste fato”.
Ainda conforme o promotor, dois delegados da Polícia Civil são investigados pela corregedoria da corporação por suspeitas de também terem beneficiado o médium. Há relatos de que um dos investigadores teria desencorajado uma mulher a registrar uma ocorrência de abuso sexual contra João de Deus porque “não iria dar em nada”.
A assessoria da Polícia Civil disse, por meio de nota, que "a Casa Correicional instaurou investigação preliminar a fim de apurar eventuais irregularidades atribuíveis a servidores desta Instituição relativas ao caso do médium João Teixeira de Faria".
Também segundo o promotor, as investigações do MP mostraram que havia uma espécie de “taxa” paga por estabelecimentos de hotelaria e comércio ao médium. De acordo com ele, ainda não há denúncias nesse sentido porque não foram apurados valores e ainda não se sabe como era a abordagem dessa cobrança – se havia ameaças, qual a gravidade, se havia intimidação.
Investigações
O MP denunciou por falsidade ideológica, na sexta-feira (22), o próprio médium, o policial militar e mais duas pessoas que frequentavam a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos espirituais. O órgão disse que também vai apurar o envolvimento do cartório onde o documento foi assinado, em Anápolis, a 55 km de Goiânia.
O órgão também denunciou o médium por estupro de vulnerável por abusos contra uma mulher que não foi identificada e contra a coreógrafa Zahira Lienike Mous, que deu entrevista ao Conversa Com Bial, em dezembro de 2018.