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08/10/2013 08:00

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R.A.P – “A Reforma Agrária da Música Brasileira”

Em uma época onde a música está cada vez mais acessível a todas as pessoas, um gênero em especial vem se sobressaindo pelo conteúdo de suas letras e o ritmo de suas batidas, embora o mesmo não seja tão novo assim. O rap, que carrega em seu significado original "rhythm and poetry" (ritmo e poesia), tem em suas raízes o HIP-HOP, movimento da cultura negra que surgiu em meados dos anos 60 nas periferias de Nova Iorque, chegou ao Brasil nos anos 80, com DJ's que traziam um pouco da batida e das letras americanas para as ruas de São Paulo e gerou um certo preconceito entre as pessoas porque se tratava de um movimento considerado "marginalizado" pela maioria da população.

Na década de 90, as rádios populares começaram a aderir o rap e com isso diversos grupos e MC's atuantes até hoje começaram também a fazer o próprio nome no meio e afastar uma parte desse preconceito tão grande que se formou em volta dessa cultura que trazia a realidade da favela, da população menos favorecida, que trazia a riqueza do negro em cada parte de suas letras e a alma dos mesmos em seus beats.

As rodas e campeonatos de "freestyle", que são rimas improvisadas feitas por amadores e até por profissionais, foram se popularizando e ritmando mudanças nas letras que já não precisavam necessariamente ser sobre o crime, sobre "o cara que tomou um tiro e deixou a família sem base nenhuma", mas que podiam também falar das coisas boas que aconteciam nas vielas e dos sentimentos de vitória que vinham enraizados na alma de cada um. Foi a partir dessa percepção que o rap sofreu um "BOOM" e ganhou força na sociedade.

O estudante Paulo Nascimento, de 22 anos, mora em Araraquara-SP e hoje em dia possui suas próprias composições e está na luta diária para divulgar e lançar o próprio trabalho, viveu uma história de amor com o rap. “Eu comecei a ouvir com 11 anos, e diferente desses outros estilos de músicas que falam sobre ostentação, esse faz com que eu queira ser melhor.”. Ele também conta que, há alguns anos atrás, só tinha acesso ao som quem realmente gostava. “Lá em São Paulo, na Capital, o programa na rádio começava às 20h e ia até 00h... Era mais difícil de encontrar, não tinha toda essa facilidade de baixar as músicas pela internet, assistir vídeo no Youtube.”

De 2000 em diante vários rappers começaram a surgir e, com eles, a vontade de mostrar ao mundo inteiro que a dignidade e a grandeza de cada um está muito além da cor da pele e da roupa que veste o corpo... Eles começaram a gritar aos quatro cantos e até pra quem não quis ouvir que "o rap é compromisso!"², e, por isso, deveria ser levado a sério. Começaram a mostrar que, realmente, "infeliz é o povo que não sabe de onde vem"³ e que não reconhece que, por maior que seja a miscigenação, o brasileiro carrega na pele a herança que vem dos batuques dos ancestrais africanos.

Adriano Damásio, proprietário e um dos colaboradores do site “Pode Pá”, busca por meio dele “acrescentar a consciência ao ouvinte, porque vimos o rap ir crescendo sem que veículos midiáticos o acompanhassem e acabassem expandindo o conteúdo dessa cultura, pois muitos ouviam, mas não conseguiam enxergar o que estava por trás de tudo aquilo e o que tinha como bom resultado disso era uma música boa, mas sem o brilho que, quem ama o rap, conhece.”. Ele também preza pela divulgação dos que são menos favorecidos, que possuem menos espaço na cena. “Buscamos trazer o equilíbrio na balança, porque só quem é conhecido traz visitante, e ao visitante buscamos mostrar o desconhecido.”.

Por isso, o rap pode sim ser considerado uma literatura marginal; pode sim ser considerado a contra-indicação ao cenário musical brasileiro, que caminha cada vez mais àquela direção certeira que grandes homens, há anos atrás, nos alertavam; os mais conservadores podem, também, falar que o rap é "coisa de favelado", "ritmo de preto"... Mas de um preto que atinge, de uma vez só, todas as cores e todas as raças, em todos os aspectos e em todos os tempos que qualquer um de nós é capaz de imaginar.

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