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4 ANOS DE SAUDADES

"Ética e amiga de verdade": mãe lembra com saudade da filha Mayara Amaral

Natural de Sete Quedas, Mayara era a caçula entre quatro irmãos

24 julho 2021 - 09h30Por Nathalia Pelzl

Após quatro anos da morte da filha de forma brutal, Ilda Cardoso lembra com saudade das qualidades da musicista Mayara Amaral. 

Aos 27 anos, a jovem foi morta a marteladas no dia 24 de julho de 2017 por Luís Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, em um motel de Campo Grande.

 A musicista teve o corpo parcialmente carbonizado e abandonado em uma estrada próxima ao local conhecido como 'Inferninho'.

“São quatro anos de pura saudade. Entre as principais características da Mayara, a ética, sua pontualidade, organização e uma amiga de verdade. A saudade dói muito, mas tento amenizar, faço pescaria, estou sempre lendo, estou com projeto cultivar flores do deserto para ajudar a diminuir o estresse”, relata Ilda ao ser questionada pela reportagem. 

Uma dor que nunca passa, assim é a perda de um filho na visão de Ilda. Sobre o assassino, que foi condenado, ela acredita que nem Mayara teve tempo de conhecê-lo de verdade. 

“Eu não conheci o Luís, acredito que a Mayara não teve tempo pra conhecê-lo. Os quatro meses que eles estavam juntos, no meu ver, não dá pra afirmar que teve conhecimento, a mãe dele diz que não conhecia a Mayara também”, explica. 

Segundo ela, Mayara era uma pessoa boa e, por isso, talvez não tenha percebido o perigo. Ilda revela que Mayara chegou a ser alertada por uma amiga, mas que acabou passando os conselhos. 

“A amiga dela alertou sobre o Luís, pois ficou sabendo que ele estuprava às meninas na chácara Sagarana. Colocava droga na bebida e depois junto com seus amigos cometiam os crimes, alguns até afirmavam que a culpa era delas por estarem lá. Luís e um amigo tacavam o terror contra às mulheres, mas ninguém denunciou, uma das vítimas não fez por medo. Eu procurei, mas a família não aceitou falar”, desabafa.

Questionada sobre se consegue perdoar Luís, Ilda é objetiva e destaca que a prisão foi justa. 

“A condenação para o Brasil é justa sim, não consigo perdoar, vou fazer uma visita ao Luis daqui alguns anos. Preciso saber o que fez ele matar a minha princesa. Sei que não vou encontrar a resposta, até porque já sei, matou simplesmente por ser mulher linda, inteligente, profissional competente, pesquisadora”, defende a mãe, destacando o machismo existente na sociedade. 

CARREIRA

Natural de Sete Quedas, no Mato Grosso do Sul, Mayara era a caçula entre quatro irmãos.

Ela se formou em licenciatura em Música pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em 2010, e fez mestrado na Universidade Federal de Goiás (UFG), no ano de 2017. 

Envolvida em questões e lutas feministas, teve como tema do trabalho de conclusão do curso as mulheres compositoras da década de 1970.

Depois do mestrado em Goiânia, Mayara voltou a Campo Grande, e atuava como professora de música da rede municipal de ensino na capital do Estado. 

De férias, estudava para um doutorado na Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp.