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Interior

Criminosos usam Farmácia Popular para simular retirada de remédio em Sidrolândia

Ao acessar o aplicativo ConecteSUS, uma vítima descobriu que o CPF foi usado para a retirada de medicamentos na cidade

16 maio 2022 - 09h22Por Rayani Santa Cruz

A cidade de Sidrolândia, a 71 km de Campo Grande, foi alvo de reportagem do Fantástico, da TV Globo, nesse domingo (16). Isso porque foi descoberto que, no município, houve desvio de dinheiro público do programa Farmácia Popular, do governo federal. Golpistas realizaram fraudes bilionárias em um esquema de "farmácia fantasma".

O repórter Giovani Grizotti conseguiu informações exclusivas e descobriu as estratégias usadas pelos golpistas. 

Fraude em Sidrolândia

O analista fiscal Luiz Felipe da Silva Cruz descobriu uma retirada de remédios em Sidrolândia, usando o aplicativo ConectSUS que serve para verificar as doses da vacina contra a Covid-19. Mas, também mostra o histórico de atendimentos na rede pública de saúde.

“Mexendo no aplicativo que eu não conhecia, eu vi que tinha uma parte de medicamentos. Diz que eu tirei o medicamento em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul. Só que eu nunca pisei no Mato Grosso. Tão pouco tenho parentes lá”, diz.

Luiz Felipe mora em São Paulo, que fica a mais de mil quilômetros de Sidrolândia. 

Ainda segundo o Fantástico, muita gente teve a surpresa desagradável ao mexer no aplicativo. Diversas pessoas descobriram retirada de remédios, mas nunca solicitaram

E aí, muita gente teve a mesma surpresa: no aplicativo, aparece a retirada de remédios, mas a verdade é que a pessoa nunca pegou nem solicitou nada.

“O que impressiona é a quantidade de retirada dos medicamentos no meu CPF, 800 unidades de uma medicação, mais 420 de outra”, relata Luiz Felipe.

Os remédios liberados irregularmente são do programa Farmácia Popular, do governo federal, que fornece medicamentos para diversas doenças, como hipertensão, diabetes, asma e colesterol alto.

Farmácia Fantasma

Conforme a reportagem, as principais artimanhas dos golpistas atualmente: a compra e a venda das chamadas farmácias populares. Principalmente, para aplicar golpes e driblar a burocracia, porque o processo normal para ter um estabelecimento credenciado no Farmácia Popular costuma ser demorado. E o governo suspendeu temporariamente novos credenciamentos. Por isso, o fraudador compra o CNPJ de drogarias já habilitadas pelo governo.

A Polícia Federal investiga uma quadrilha de Goiás que agia com farmácias fantasmas. O desvio: cerca de R$ 10 milhões.

“Uma organização adquiria essas farmácias única e exclusivamente para promover fraudes no sistema da Farmácia Popular. Promoviam lançamentos fraudulentos no sistema utilizando o CPF de terceiros”, destaca Franklin Medeiros, delegado.

O Ministério da Saúde diz que a orientação para quem descobriu que teve o nome usado em retiradas irregulares de remédios é procurar a ouvidoria do Sistema Único de Saúde. Quanto à existência de farmácias fantasmas e à demora na realização de fiscalizações, o diretor do Denasus reconheceu os problemas e prometeu mudanças.