Enfermeiros do Hospital Evangélico voltaram a ameaçar greve caso não recebam os salários atrasados de março, segundo material publicado pela Siems (Sindicato de Enfermagem de Mato Grosso do Sul). Uma mesa-redonda com o MPT (Ministério Público do Trabalho) ocorreu na segunda-feira (13) no município e contou com a participação de diretores sindicais, representantes da Associação Beneficente Douradense – mantenedora do hospital - e profissionais de enfermagem que trabalham no local.
“Na reunião com o MPT expusemos a situação da categoria. Em média o salário do profissional de enfermagem deste hospital é de R$ 771, um dos piores no Estado e não bastasse o valor defasado, desde setembro de 2014 os trabalhadores recebem as remunerações com atrasos. O sindicato já ingressou ações judiciais cobrando os juros e multas, mesmo assim o hospital vem descumprindo mês a mês o que está assegurado na Convenção Coletiva de Trabalho”, alega o presidente do Siems, Lázaro Santana em nota publicada.
De acordo com os profissionais, nos últimos meses, quando os salários já estavam em atraso, o hospital emitia aviso agendando data para possível pagamento e deu prazo para possibilidade de quitação dos débitos ainda esta semana.
Como justificativa, o Hospital Evangélico alega que os pagamentos não foram feitos por conta do atraso do dinheiro do FNS (Fundo Nacional de Saúde) repassado pela prefeitura através do FMS (Fundo Municipal de Saúde).
O valor em questão seria em torno de R$ 1,5 milhão mensais, mas, devido a descontos de financiamentos por parte da entidade, ‘apenas’ R$ 912 mil chegam à diretoria da unidade hospitalar e estariam atrasados nos meses de fevereiro e março.
A prefeitura contesta a informação e cita que o contrato existente entre o governo federal e o hospital é para repasses na prestação de serviços de oncologia, nefrologia e cardiologia feitos, em boa parte, por empresas terceirizadas pelo hospital ‘e não para o pagamento de salários dos seus funcionários’.
Ainda conforme a administração, o montante garantido ao HE do mês de fevereiro foi quitado no mês passado, confirmando que os valores de março ainda não chegaram até o município por parte do Fundo Nacional.
CRISE NO HE
O Hospital Evangélico tem sofrido há anos com grave crise financeira. Em julho de 2014, uma comissão formada por funcionários do local para tratar desta situação confirmou que o valor devido era de aproximadamente R$ 40 milhões.
Na época, o HE também era responsável pela gestão do Hospital da Vida, atualmente administrado pela prefeitura.
Segundo relato dos envolvidos na época, o problema estava na pequena quantia repassada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) à unidade, dando inclusive, prazo de 60 dias para se fechar as portas.
Quase um após o ocorrido, o HE ainda continua em funcionamento, porém, funcionários são surpreendidos com constantes atrasos de salários.