Na manhã desta sexta-feira (3), o clima de tensão voltou a pairar em Rio Brilhante, a 161 quilômetros de Campo Grande, após indígenas Kaiowá e Guarani ocuparem parte de uma fazenda que fica nas margens da rodovia da BR-163.
Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Rio Brilhante pelo proprietário da fazenda, relatando o que o funcionário havia descrito no momento da suposta invasão.
Conforme divulgado pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário), a retomada aconteceu durante a madrugada e famílias, incluindo crianças e anciões, do território Laranjeira Nhanderu foram até a propriedade rural para ocupar "parte de um território ancestral".
"[...] acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros, para poder garantir o que está na Lei maior de 88, mas que o Brasil não cumpre. Só assim as famílias do tekoha, nossos velhinhos, nossas crianças vão encontrar dignidade e vão poder viver em paz", disse a liderança Guyra Arandú sobre a retomada.
Ainda segundo o CIMI, lideranças argumentaram que policiais militares chegaram no local e ameaçaram despejá-los. Na visão do assessor jurídico Anderson Santos, além de ilegal, esta ação tem potencial de causar uma grave situação de violência contra os indígenas.
"Os indígenas levantaram barracos de lona e se estabeleceram no local. Ocorre que a Polícia Militar já está no local ameaçando despejá-los sem ordem judicial. No último episódio que isso ocorreu, o indígena Vitor Fernandes foi assassinado e dezenas de pessoas foram feridas na retomada Guapoy, em Amambai, em junho de 2022", avalia o assessor.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda o retorno.