Polícia

29/01/2019 12:49

Condenado a 18 anos por integrar máfia, cabo da PM se aposenta

Ele recebia propina para 'proteger' contrabandistas; salário pode alcançar R$ 3,6 mil

29/01/2019 às 12:49 | Atualizado 29/01/2019 às 12:56 Celso Bejarano
O cabo Aparecido Cristiano, quando preso em maio passado - Anna Gomes/Arquivo

Portaria da Ageprev (Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul), publicada no Diário Oficial, nesta terça-feira (29), narra que o cabo da Polícia Militar Aparecido Cristiano Filho, 41, preso desde o ano passado por integrar uma milícia privada que protegia uma máfia de contrabandistas de cigarros do Paraguai, pediu para se aposentar. E conseguiu. Ele deve receber salário mensal que gira em torno de R$ 3,6 mil.

Em dezembro passado, o militar encarcerado recebeu salário de R$ 5,3 mil, quantia que deve cair daqui em diante por ele ter optado em ingressar “para a reserva remunerada da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, com proventos proporcionais e paridade”, segundo o Diário Oficial.

Cristiano Filho foi sentenciado em dezembro passado a 18 anos de prisão por agir numa organização criminosa e lavagem de dinheiro e ainda por obstrução da Justiça.

De 2015 até maio do ano passado, mês que fora preso, o cabo acumulou um patrimônio de R$ 7 milhões, segundo relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de MS.

De acordo com o Gaeco, que conduziu a operação Oiketicus [inseto conhecido como bicho-cigarreiro] prendeu em maio passado ao menos 20 PMs que atuavam em 14 cidades do Estado. A investida captou de soldado a coronel.

Cargas de cigarros contrabandeados cruzavam por barreiras militares, principalmente na região de fronteira do Paraguai e os policiais fingiam nada ver e até escoltava-as.

“As organizações criminosas, detentores de alto poder econômico, cooptam os policiais militares, valendo-se do pagamento de altas quantias a título de propina como ainda que o contrabando de cigarros não encontre a devida reprovação social, sendo considerado, por parte da corporação, um delito despido de maior gravidade”, diz trecho da petição do Gaeco que pedira a prisão dos 20 militares implicados na trama.