Cidades

23/04/2019 17:00

Em dez anos, MS lançou 31 mil piscinas de esgoto na natureza; 1,4 milhão vivem sem coleta no Estado

Número de pessoas sem acesso à rede de água soma 385 mil, revela levantamento

23/04/2019 às 17:00 | Atualizado 24/04/2019 às 08:10 Celso Bejarano, de Brasília
Arquivo/TopMídiaNews

Trezentos e oitenta e cinco mil pessoas vivem sem acesso à rede de água em Mato Grosso do Sul e 1,4 milhão de pessoas não têm alcance à coleta de esgoto. Desfecho destes numerais: 63 mil internações de pacientes com doenças por veiculação hídrica nos dez últimos dez anos (2008-2018), ou 6.300 por ano, média de 525 casos por mês.

Mencionando que MS tinha população estimada de 2,7 milhões de habitantes, pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado, a conta é essa: pouco mais da metade das pessoas que moram no Estado não tem acesso à recolha de esgoto.

Dados acima aparecem em cartazes pregados nas paredes do corredor que dá acesso ao salão verde da Câmara dos Deputados, em frente ao plenário dos parlamentares. Por ali, toda a semana, passam os 513 deputados federais que saem dos gabinetes e rumam para os debates no plenário.

No espaço em questão, a cada dez dias ocorre uma exposição de determinado assunto. Geralmente, a exibição trata mais de questões culturais. Na última, por exemplo, foram fixados obras de Maurício de Souza, o criador da turma da Mônica.

Desta vez, o assunto trata do “Panorama Geral do Saneamento Básico do Brasil – todospelosaneamento”. 

Painel no Congresso Nacional - Foto: Celso Bejarano

Organizadores da exposição afirmam que os dados que sustentam o levantamento foram referenciados pelo SNIS (Sistema de Informações sobre Saneamento), Instituto Trata Brasil, DataSUS e o IBGE.

31 mil piscinas de esgoto na natureza

Ainda de acordo com a mostra, é dito que desde a promulgação do Marco Regulatório do Saneamento, a Lei 11.455 de 2007, até o final de 2017, foram lançadas na natureza “mais de 24 milhões de piscinas olímpicas de esgoto”. Em MS foram atiradas no período 31 mil piscinas de esgoto, segundo o levantamento. Entre os painéis expostos há um que exibe o tanto de esgoto jorrado na natureza em tempo real, uma espécie esgotômetro.

“Algo precisa mudar, urgente”, alerta a campanha pelo saneamento. No Brasil, cuja população gira em torno de 202 milhões, revela o estudo exposto, 35 milhões de pessoas não têm acesso à rede de água e 100 milhões sem à coleta de esgoto

Em MS, para atender toda a população com água tratada e saneamento básico teria de ser investido nas próximas duas décadas, R$ 5 milhões, sugere o panorama.


Situação de MS nem é a pior do País - Foto: Wesley Ortiz/TopMídiaNews

Embora a metade das pessoas que moram em MS não receba o serviço de coleta de esgoto, a situação do Estado não é das piores se comparadas ao resto do país.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, com 11,3 milhões de habitantes, 7,8 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto. Tocantins, cuja população é de 1,5 milhão, 1,1 milhão não tem rede de esgoto.

Rio de Janeiro tem 6,6 milhões de habitantes, entre os quais 5,6 milhões não têm esgoto.

Brasília, que tem em torno de 3 milhões de habitantes, destaca-se como umas das regiões com o que há de melhor na questão do saneamento básico no país. Indica a mostra que 39 mil pessoas não tem acesso à rede de água e 453 mil que moram na capital brasileira ainda vivem sem a coleta do esgoto.