Começa às 9h, na sala 3 da ala Senador Alexandre Costa, desta quarta-feira (19), a audiência pública promovida pela CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado Federal, com a participação do ex-juiz federal, Sérgio Moro, agora ministro da Justiça e Segurança Pública.

Na sessão, Moro, até então tido como o mais forte ministro do presidente Jair Bolsonaro (PSL), deve explicar as razões dos diálogos mantidos com procuradores da República que comandavam a força-tarefa da Lava Jato, operação que já condenou 140 pessoas [penas que somam 2036 anos], entre as quais o ex-presidente Lula.

As conversas do ministro, mantidas quando ele ainda era magistrado federal e dono da caneta que mais sentenciou envolvidos na operação de combate à corrupção, com envolvimento de políticos e empresários, foram reveladas recentemente pelo site noticioso Intercept Brasil e, para especialistas na questão, violaram princípios constitucionais e lançam dúvidas sobre as sentenças aplicadas pelo ex-juiz federal.

Pelo revelado até agora, o ministro tinha alvo certo nas missões enquanto magistrado: o ex-presidente Lula. Moro, conforme o divulgado, antes da condenação, combinava com procuradores como devia andar as acusações contra o ex-presidente, que está preso desde abril do ano passado.

A presidente da CCJ do Senado, a sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB), informou na manhã desta terça-feira (19), que Moro tem meia hora para falar da questão. Depois disso, os senadores que integram o colegiado partem para as perguntas – cada um terá cinco minutos.

O ministro, afirmou Simone, também terá cinco minutos para comentar os questionamentos. Daí os senadores terão dois minutos, caso queiram, para a réplica e a tréplica.

Os parlamentares que desejam fazer perguntas ao ministro devem se inscrever logo no início da audiência, marcado para as 9h.

A CCJ é composta por 27 senadores que atuam como titulares do colegiado e outros 24, suplentes. Além de Simone, Nelsinho Trad (PSD-MS), da suplência, podem participar da audiência, além dos líderes de partidos.

Quando aos diálogos divulgados pelo Intercept, Sérgio Moro já disse que não admite a autenticidade das conversas. O presidente Bolsonaro, publicamente, anunciou por duas ocasiões apoio ao seu ministro.

No Congresso Nacional, há parlamentares que se manifestaram favoráveis a criação de uma CPI para investigar a questão.

Ou seja, a performance de Moro na sessão será determinante: enfraquece-o e isso pode crescer o desejo pela CPI, ou fortalece-o e isso pode espantar a vontade dos parlamentares que gostariam de ve-lo encurralado.