06/07/2019 13:30
Grande produtor de alimentos, MS registra mais de 300 casos de intoxicação por agrotóxicos
Brasil liberou 211 novos defensivos somente neste ano
Mato Grosso do Sul registrou 324 casos de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, entre 2007 e 2014, período anterior ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), que já liberou o uso de 211 novos defensivos desde que tomou posse, em 1° de janeiro.
As informações são de um mapeamento realizado pela geógrafa Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo), que foi apresentado na cidade de Berlim, na Alemanha, país que sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo.
Segundo a pesquisadora, neste período, o Ministério da Saúde teve cerca de 25 mil ocorrências de intoxicações por agrotóxicos. O Paraná foi o estado mais afetado, com mais de 3,7 mil casos de intoxicação. São Paulo e Minas Gerais ficaram na segunda colocação, com 2 mil.
As tentativas de suicídio representaram 40% do total dos casos de intoxicação no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. No Ceará, dos 1.086 casos notificados, 861 correspondiam a tentativas de suicídio, cerca de 79,2%. Não foi divulgada, no entanto, a proporção de casos de intoxicação deliberada em Mato Grosso do Sul.
Mapa da intoxicação - Fonte: Jornal da USP
Por outro lado, o Ministério da Saúde aponta que, em 2018, o Brasil bateu o recorde de agroquímicos com a liberação de mais 450 novos produtos. Em 2017, foram 405; no ano anterior, 277. Isso transforma o país no campeão mundial no uso de pesticidas na agricultura, alternando a posição, às vezes, apenas com os Estados Unidos.
Informativo publicado pela USP aponta que “o feijão, base da alimentação brasileira, tem um nível permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior do que aquele permitido pela União Europeia; na água potável brasileira permite-se 5 mil vezes mais resíduo de glifosato (herbicida); na soja, 200 vezes mais resíduos de glifosato”.