Política

01/08/2019 14:00

Presidente paraguaio escapa de impeachment anulando acordo com Bolsonaro

Mário Benitez tinha feito acordo secreto acerca de compra de energia da Itaipu que prejudicaria paraguaios

01/08/2019 às 14:00 | Atualizado 01/08/2019 às 14:13 Celso Bejarano, de Brasília
O presidente paraguaio discursou pela manhã desta quinta - Gustavo Machado/ABC Color

Sob forte ataque da oposição por ter firmado um acordo secreto envolvendo os governos brasileiro e paraguaio, acerca da usina binacional Itaipu (construída pelos dois países), o presidente do Paraguai, Mário Abdo Benitez, pode ter escapado de um processo de impeachment na manhã desta quinta-feira (1). É que o tratado que causou a crise política entre os paraguaios foi desfeito. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que o destrato foi concordado por seu governo.

O negócio consistia na compra de energia. Pelo pacto, segundo os paraguaios, o país vizinho, pela captação da energia, teria um gasto elevado em ao menos US$ 200 milhões anuais.

Políticos paraguaios já tinham combinado a apresentarem hoje o pedido de impeachment do presidente. Com a anulação do acordo que havia sido firmado em maio passado, Benitez se safa.

Assim que o tratado - que tinha sido assinado sem que os parlamentares paraguaios soubessem - fora suspenso, o presidente paraguaio fez um discurso:

"Disse que não vou tolerar a corrupção, não importa o dia, por causa da proximidade de meus colegas e amigos de luta, isso não nos dá o direito de ter má conduta na administração de coisas públicas. Não só atos de corrupção, mas também erros. É por isso que ordenei que aqueles que participaram do processo, talvez sem má vontade, sejam removidos do cargo". No caso, a fala do presidente deixa a entender que foi um erro firmar pacto com o governo brasileiro sem consultas.

De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o presidente fez um discurso de 20 minutos, sem autorizar perguntas dos jornalistas, e agradeu os parlamentares que teriam “salvado” seu mandato.

A hidrelétrica de Itaipu é binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Foi construída pelos dois países entre os anos de 1975 a 1982, Itaipu é, hoje, a maior usina geradora de energia do mundo.