24/05/2014 17:13
Papa pede paz e respeito à liberdade religiosa
Comunhão
"A liberdade religiosa é um direito fundamental e eu não posso deixar de manifestar a minha esperança de que seja mantida em todo o Oriente Médio. Isso inclui a liberdade individual e coletiva de seguir sua própria consciência em matéria religiosa, ou seja, a liberdade de culto, a liberdade de escolher a religião que acreditamos ser verdadeira e de manifestar publicamente sua própria fé", declarou o Papa ao ser recebido no Palácio Real Al-Husseini pelas autoridades do reino da Jordânia, tendo à frente o rei Abdullah II e sua família.
"Peço às autoridades do reino jordaniano que perseverem em seus esforços para buscar uma paz duradoura em toda a região. Este grande objetivo necessita urgentemente de uma solução pacífica para a crise na Síria, assim como de uma solução para o conflito entre palestinos e israelenses", pediu o pontífice no primeiro discurso pronunciado em sua visita a uma das regiões do mundo mais assoladas por conflitos.
A Jordânia é a primeira etapa de sua delicada viagem de três dias à Terra Santa, marcada por gestos simbólicos e desafios diplomáticos.
O conflito entre Israel e os palestinos, os atos de vandalismo contra cristãos em Israel, a guerra na Síria, o peso cada vez maior do Islã no Oriente Médio e as disputas pela propriedade dos lugares sagrados estão entre o amplo leque de problemas que o Papa enfrentará durante sua rápida passagem pela região.
Durante sua primeira etapa da viagem, que inclui uma visita a Belém (na Cisjordânia) e a Jerusalém, o Papa levará palavras de conforto e solidariedade às vítimas de anos de conflito, principalmente na Síria e no Iraque.
Um dos momentos mais delicados e comoventes do primeiro dia será o encontro com refugiados sírios e iraquianos.
"Ele deve constatar pessoalmente a situação dos cristãos na Síria. Vai ver o que o terrorismo causou a eles", disse à AFP uma refugiada síria.
Os cristãos representam cerca de 10% da população da Síria, enquanto os cristãos da Jordânia ¨católicos e ortodoxos” são em torno de 250.000 pessoas de um total de sete milhões de habitantes.
Segundo o primeiro-ministro jordaniano, Abdullah Nsur, a visita do Papa permitirá mostrar a imagem de um país de tolerância e paz em uma região marcada por "sangue, guerras e repressão".
Evitar a instrumentalização política
O pontífice argentino, que defende uma Igreja pobre e austera, quer evitar qualquer tipo de instrumentalização política de sua segunda viagem apostólica internacional depois da feita ao Brasil para as Jornadas Mundiais da Juventude, no ano passado.
"Trata-se de uma visita estritamente religiosa", advertiu na quarta-feira o próprio Papa, que deseja comemorar o aniversário de 50 anos da primeira viagem de um pontífice à Terra Santa, realizada por Paulo VI, em janeiro de 1964, e que marcou o início do relaxamento nas relações entre judeus e católicos.
O programa está marcado por encontros ecumênicos e interreligiosos.
No Cenáculo de Jerusalém, onde, de acordo com a tradição, aconteceu a última ceia de Jesus Cristo antes de ser crucificado, o Papa se reunirá com líderes ortodoxos de diversas igrejas cristãs.
O rabino de Buenos Aires, Abraham Skorka e o professor muçulmano, Omar Abboud, presidente do Instituto do Diálogo Interreligioso da capital argentina, "dois amigos" e compatriotas, acompanharão Francisco ao longo de toda a viagem.
Em uma entrevista à Rádio Vaticano, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, reconheceu que a viagem é feita a uma região "difícil".
O papa argentino vai reiterar a posição histórica do Vaticano diante do conflito entre israelenses e palestinos, a favor de dois povos e dois Estados.
No entanto, dois elementos novos estão sendo destacados em relação às visitas de João Paulo II (2000) e Bento XVI (2009): Francisco visitará primeiro os Territórios Palestinos e depois Israel, e por outro lado, em todos os documentos oficiais da viagem, refere-se a um "Estado Palestino", tal como estabeleceu oficialmente a Santa Sé em 2012.