Geral

22/05/2020 20:46

Salles quis aproveitar foco da imprensa na covid para 'passar a boiada' com leis

Ministro do Meio Ambiente sugeriu que outros ministérios usassem a tática

22/05/2020 às 20:46 | Atualizado 22/05/2020 às 20:29 Thiago de Souza
Reprodução UOL

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles sugeriu, em reunião ministerial ocorrida em abril, que o presidente Jair Bolsonaro aproveitasse o foco que a imprensa dá na cobertura da covid-19, para aprovar ‘’leis de todos os tipos’’ relacionadas ao meio ambiente. 

A gravação da reunião estava em sigilo, já que é peça de inquérito onde o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, acusa o presidente da República de interferir na Polícia Federal. 

O sigilo de grande parte da reunião foi retirado pelo ministro Celso de Mello e a imprensa teve acesso. 

Cada ministro do governo se manifestou e quando chegou a vez de Salles, ele explicou a importância de não ter o foco da imprensa na questão ambiental. 

"O Meio Ambiente é o mais difícil, de passar qualquer mudança infralegal em termos de infraestrutura, instrução normativa e portaria, porque tudo que a gente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte. Então para isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas", disse o ministro do Meio Ambiente.

Salles sugeriu que outros órgãos adotem a mesma tática:

"De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente, de ministério disso e daquilo. Agora é hora de unir esforços para dar de baciada a simplificação", emendou.

A ideia de Salles na ocasião era deixar a Advocacia-Geral da União para responder a questões que ficassem em segundo plano. 

"Deixar a AGU de stand by para cada pau que tiver, porque vai ter. Essa semana mesmo, nós assinamos uma medida a pedido do Ministério da Agricultura, que foi a simplificação da lei da Mata Atlântica, para usar o Código Florestal. Hoje já está nos jornais dizendo que vão entrar com ações judiciais e ação civil pública no Brasil inteiro contra a medida. Então, para isso, nós temos que estar com a artilharia da AGU preparada pra cada linha que a gente avança", disse.