Campo Grande

30/12/2020 16:50

Apesar dos apelos da mãe, maternidade demora para fazer cesárea e bebê morre em Campo Grande

Gestante procurou a instituição por três vezes e tinha encaminhamento para cirurgia

30/12/2020 às 16:50 | Atualizado 30/12/2020 às 18:16 Thiago de Souza
Repórter Top

A gestante Kerolen Rocha Alencar, 23 anos, que esperava uma menina, viu seu sonho de ser mãe pela segunda vez ser adiado e culpa a Maternidade Cândido Mariano. A instituição teria demorado muito para atender os apelos e a indicação médica por um parto cesárea, nesta terça-feira (29), em Campo Grande. A bebezinha morreu horas após a cirurgia. 

Conforme a denúncia da jovem, ela fez o último pré-natal, dia 22 de dezembro, em uma unidade de saúde do Iracy Coelho e saiu de lá com uma indicação de parto cesárea, quando estava com 39 semanas de gestação. Ela foi orientada a procurar a maternidade no mesmo dia, em razão do encaminhamento que já tinha data. 

Na primeira ida à maternidade, ela ouviu que deveria voltar com 40 semanas de gestação para fazer o procedimento cirúrgico. Ela diz ter voltado dia 27 e que uma médica teria negado cirurgia, dizendo que haveria condições para parto normal. 

‘’Mesmo eu pedindo cesárea e com o encaminhamento para cirurgia, ela não quis fazer. Pediu para eu voltar com 41 semanas’’, detalhou Kerolen. A terceira e última vez foi no dia 29, quando já estava em trabalho de parto. 

‘’Quando eu fui internada, pedi cesárea novamente. Expliquei tudo, mas a médica estava encerrando plantão e pediu que eu fosse para internação e, quando internasse, procurasse médico de plantão para eu conseguir a cirurgia’’, garantiu a mulher. 

Ainda de acordo com a denúncia, Kerolen ficou na espera por 40 minutos e depois foi para o fundo da maternidade. 

‘’Só depois de uma hora o médico apareceu. Ele fez exames e insistiu no parto normal. Só depois de eu insistir para cesárea, ele me mandou para o centro cirúrgico, mas, pela demora, a bebê já havia engolido fezes e teve complicações’’, lamentou novamente a mãe. 

‘’As primeiras fezes do nenê parecem uma cola, que impregnaram nos pulmões dela. Ela teve várias paradas cardíacas e não resistiu’’, acrescentou. 

Kerolen diz já ter conversado com uma advogada para acionar a Justiça. 

Resposta

A Maternidade Cândido Mariano destacou, em nota, que a paciente não apresentava indicativo de risco para parto normal. Na terceira e última ida à unidade, dia 29, a maternidade destaca que ela ela apresentava dilatação de seis centímetros e frequência cardíaca fetal normal. Ainda segundo informado, 40 minutos depois de subir para a sala de parto, ela foi reavaliada e, a partir do pedido da gestante e da acompanhante, passou por cesariana pelo médico plantonista. 

''sendo assim, ela não passou pelo período expulsivo e o feto ainda assim nasceu em mau estado geral. Em seguida, ela foi prontamente assistida pela equipe pediátrica da instituição e encaminhada para a Unidade Neonatal do hospital'', diz trecho da nota. 

Confira a nota na íntegra

A Maternidade Cândido Mariano informa que a paciente Kerolen Rocha Alencar chegou ao hospital em torno das 2:00 da madrugada de terça-feira, 29 de dezembro, sendo atendida às 2:20 pela equipe do plantão. Kerolen é paciente em segunda gestação, com cesariana prévia e não apresentava nenhum indicativo de risco para o parto normal. Na ocasião, a paciente estava com 6 centímetros de dilatação e frequência cardíaca fetal normal. Às 2:40, Kerolen subiu para sala de parto e às 3:20 foi reavaliada conforme o Protocolo das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, do Ministério da Saúde. A pedido da paciente e do acompanhante, foi realizada a cesariana pelo plantonista, sendo assim, ela não passou pelo período expulsivo e o feto ainda assim nasceu em mau estado geral. Em seguida, ela foi prontamente assistida pela equipe pediátrica da instituição e encaminhada para a Unidade Neonatal do hospital. A Maternidade Cândido  Mariano ressalta que a paciente foi atendida em tempo hábil e que em nenhum momento a instituição deixou de prestar assistência para a mulher e seu recém-nascido, e que a causa do óbito do recém-nato ainda 
persiste em investigação, já que nas outras situações não havia indicação obstétrica para internação.