Interior

28/04/2021 15:00

Pacientes renais perdem exclusividade em van de saúde e viajam até com caixas de exames

Secretaria de Saúde de Porto Murtinho admite problema, mas diz que pacientes não correm risco de contaminação

28/04/2021 às 15:00 | Atualizado 28/04/2021 às 19:00 Thiago de Souza
Repórter Top

Samir Mohamed Kadri, paciente renal crônico, denuncia que a van que transporta pacientes para hemodiálise, de Porto Murtinho a Campo Grande, viaja cheia e com pacientes com outras comorbidades. Ele destaca até o fato de caixas com exames de covid ‘’viajarem’’ no meio dos doentes. 

A denúncia de Mohamed já foi objeto de reportagem no TopMídiaNews em 2019. Na reclamação mais recente, Samir diz que os renais crônicos têm imunidade baixa e não deveriam manter contato com pacientes com outras comorbidades, principalmente em tempos de covid-19.  

Os renais crônicos de Murtinho e região viajam todas às segundas, quartas e sextas para Campo Grande. Após a hemodiálise, eles retornam para a cidade fronteiriça, em uma jornada que dura até sete horas. 

Samir mostrou que, em 9 de abril, a van saiu de Murtinho, por volta das 23h, com cerca de 15 pessoas. Cinco eram renais crônicos e dois acompanhantes. Os outros oito ocupantes eram pacientes de comorbidades diversas. 

‘’São pessoas que se consultam em hospitais como Santa Casa, Hospital Regional, são lugares muito cheios de vírus. Essa é nossa briga com eles’’, reflete Samir, que entende que eles também têm direitos, mas deveriam ir separados. 

Mohamed lembra do tempo que havia uma van só para eles e isso só foi conseguido depois dele reclamar muito. No entanto, o problema retornou. 

Perigo 

Samir conta que, nas ocasiões que a van vai com grande número de passageiros, caixas de coletas de exames, inclusive da covid-19, vai em meio aos passageiros.  

‘’Esses dias eu fui do lado do motorista e a caixa estava no pé dele’’, denunciou Mohamed. Ele destaca o perigo de contaminação em pessoas que já tem a imunidade baixa. 

Resposta

A secretária de Saúde de Porto Murtinho, Estela da Silva Neves, 35 anos, admitiu os problemas. 

Sobre os passageiros da van, Neves justifica que a demanda de pacientes para ir a Campo Grande reduziu drasticamente. Por isso, fica inviável disponibilizar dois veículos para levar uma quantidade pequena de passageiros. Ela negou que haja super lotação na van ou no micro-ônibus. 

‘’Entendemos a angústia deles, o sofrimento. Sabemos que é um público que precisa de atenção, mas fica inviável dois veículos’’, explicou a secretária. 

Estela observou que os pacientes não correm riscos, já que os renais crônicos se sentam ao lado dos acompanhantes. Também destaca que todos usam máscaras e a van não viaja com passageiros acima da capacidade. 

Sobre as caixas de coleta, Estela diz que chegou a consultar autoridades de saúde do Estado e não há nenhuma contraindicação para fazer o transporte. Ela pontua que as caixas são lacradas e, em algumas ocasiões, vão no bagageiro e às vezes perto do motorista. 

A titular da Saúde murtinhense também destacou que não há casos de contaminação por conta disso. Por fim, disse que a prefeitura está à disposição do denunciante para tratar dessas questões.