CORONAVÍRUS

08/05/2021 17:07

ButanVac: instituto vai usar 20 milhões de ovos de galinha para produzir 40 milhões de vacinas

Processo que visa produzir e entregar as doses a partir de julho - um prazo por enquanto considerado irreal por alguns especialistas

08/05/2021 às 17:07 | Atualizado 08/05/2021 às 16:25 Dany Nascimento
Instituto Butantan

Os Ovos de galinha são uma presença constante no Instituto Butantan, em São Paulo, já que é neles que costumam ser injetados os vírus usados todos os anos na produção da vacina contra a influenza, aplicadas na campanha de vacinação nacional contra a gripe.

Segundo o G1, a mesma técnica está sendo repetida na ButanVac, a vacina que o instituto paulista está desenvolvendo contra a covid-19, em um processo que visa produzir e entregar 40 milhões de doses a partir de julho - um prazo por enquanto considerado irreal por alguns especialistas independentes, uma vez que sequer foi testada a eficácia desse novo imunizante em humanos até o momento.

De qualquer modo, para fazer chegar a essa quantidade, terão de passar pelas instalações do Butantan cerca de 20 milhões de ovos de galinha especificamente para a ButanVac - e, em teoria, muitos milhões mais depois disso, quando houver resultados dos testes clínicos da vacina e informações mais concretas a respeito de quão amplo será seu uso contra a covid-19 no Brasil.

Segundo o estudo, em cada um desses ovos - por enquanto, são 521 mil já entregues ao laboratório paulista por granjas especializadas - está sendo injetada uma pequena quantidade do vírus da "doença de Newcastle", um mal aviário que é inofensivo em humanos.

O vírus foi geneticamente modificado para receber a "proteína S" do SARS-CoV-2, ou seja, a estrutura do coronavírus que se encaixa nas células humanas e as infecta, causando a covid-19.

A intenção é que, munido da proteína S do coronavírus, o vírus da doença de Newcastle seja capaz de estimular a produção de anticorpos contra a covid-19 no organismo humano.

E é aí que os ovos de galinha entram na história: é dentro de cada um deles, nos laboratórios do Butantan, que o vírus de Newcastle vai se alimentar e se multiplicar em nível suficiente para produzir (segundo estimativas) duas doses de vacina por ovo.