Cidades

04/08/2021 08:33

'Essa empresa já foi banida do Estado', diz Geraldo Resende sobre operação da PF

PF investiga desvios de dinheiro na Saúde de Mato Grosso do Sul

04/08/2021 às 08:33 | Atualizado 04/08/2021 às 13:05 Rayani Santa Cruz
Secretario de Saúde Geraldo Resende - Chico Ribeiro- Arquivo

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, afirmou que a empresa alvo da operação 'SOS-Saúde', da Polícia Federal, não presta serviços para o governo do estado desde 2019. Ele cita que a gestão apurou indícios de irregularidades e rompeu o contrato.

"Isso é uma questão do passado. É só as pessoas lerem a nota da PF. Essa empesa já foi banida do Estado e me parece que já foi à falência. Como no Brasil acontece muito dessa prática criminosa, tem empresas que fazem esse tipo de coisa. Tem gente do bem e tem gente do mal. Quando nós chegamos na Secretaria, apuramos e tomamos a devida decisão que levou ao rompimento de contrato em 2019", disse Resende, que também informou que os serviços foram substituídos por outra empresa.

Operação

A Polícia Federal no Mato Grosso do Sul deflagrou hoje (4), a Operação SOS-Saúde, com objetivo de desarticular organização criminosa especializada na prática falsificação de documentos, dispensa irregular de licitação, peculato e organização criminosa. Na prática, se desviava dinheiro da Saúde do Estado.

A operação tem apoio da Receita Federal e a Controladoria Geral da União. O Inquérito Policial, que deu origem a operação, foi instaurado em 14 de fevereiro de 2019 para apurar diversas irregularidades praticadas por Organização Social (especialmente entre 08/08/2016 a 31/07/2017) que administrava, na época, o Hospital Regional Dr. José Simone Netto, localizado em Ponta Porã.

O esquema criminoso investigado possuía, resumidamente, a seguinte dinâmica: a Organização Social firmou, em 05/08/2016, contrato de gestão com o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul; através desse instrumento contratual passou a receber elevados valores com o compromisso de gerenciar o Hospital Regional de Ponta Porã; entretanto, valia-se de diversos subterfúgios para desviar os recursos (que deveriam ser aplicados na área da saúde) em proveito de empresas vinculadas aos próprios dirigentes da Organização Social.

São alvos das medidas cautelares: os gestores da Organização Social que, na época, administrava o Hospital Regional de Ponta Porã; empresas que receberam irregularmente valores financeiros e seus respectivos sócios-administradores; além de dois contadores e seus escritórios de contabilidade.

Cabe destacar a amplitude nacional da investigação, pois a Organização Social, muito embora formalmente não possuísse fins lucrativos, cresceu exponencialmente desde a sua fundação (em 2011), passando a administrar diversas unidades de saúde espalhadas por vários Estados da Federação (MS, PB, SP, BA, GO, MT), o que implicou o recebimento de vultosos valores financeiros (quase 1 bilhão de reais entre 2014 e 2019).

Estão sendo cumpridos, ao todo, 34 mandados de busca e apreensão, em 25 endereços diferentes, sendo 11 estão localizados no Estado de São Paulo, 10 em Goiânia/GO, 3 em Brasília/DF e 1 em Campo Grande, além do sequestro de bem, direitos e valores.
Os trabalhos estão contando com a participação de 112 Policiais Federais, 54 servidores da Receita Federal e 16 da Controladoria Geral da União.

O nome da operação (SOS-Saúde) faz alusão tanto ao principal investigado, que se trata de uma Organização Social (OS) que deveria fazer o correto emprego das verbas públicas destinadas à área da saúde, bem como a socorro (sigla SOS) prestado pelas instituições de controle ao serviço de saúde pública.

Destaca-se que em razão da atual crise de saúde pública, foi adotada logística especial de prevenção do contágio com distribuição de EPI’s a todos os envolvidos, a fim de preservar a saúde dos policiais, testemunhas e investigados.