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há 2 anos

Mandetta alertou Bolsonaro sobre mortes na Prevent, mas foi ignorado

Operadora Prevent Senior é alvo de investigação na CPI da covid suspeita de ter feito tratamento precoce com kit covid sem autorização dos pacientes ou familiares; pessoas foram usadas como 'cobaias humanas'

29/09/2021 às 12:21 | Atualizado 29/09/2021 às 12:29 Rayani Santa Cruz
Ex-ministro avisou presidente Bolsonaro - Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) avisou o presidente Jair Bolsonaro sobre o elevado número de mortes de idosos registrado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, uma das joias da coroa da operadora Prevent Senior. A operado é alvo da CPI da covid no Senado, suspeita de fazer tratamento precoce com kit covid sem autorização dos pacientes.

A informação sobre o aviso de Mandetta foi divulgada pelo colunista do Metrópoles, Igor Gadelha. Ele diz que Mandetta alertou o presidente em 31 de março, antes do pico da pandemia e 16 dias antes de ser demitido. Mandetta era contra o tratamento precoce porque ele não funcionava.

Conforme o texto, àquela altura, a empresa atuava em parceria com o governo federal na aplicação do kit covid, estimulando as pessoas a desrespeitarem o isolamento social para evitar danos à economia. 

No dia em que Mandetta saiu, o Conselho Federal de Medicina aprovou parecer que autorizava médicos a prescreverem a cloroquina e a hidroxicloroquina a pacientes com sintomas leves e moderados da Covid-19, além do uso em quadros críticos. A sintonia do Conselho Federal de Medicina com o governo estava a pleno vapor.

Sucessor de Mandetta, o médico Nelson Teich ficou no cargo apenas 28 dias, por também não concordar com o uso de cloroquina (remédio sem eficácia contra a covid) em pacientes.

No lugar de Teich entrou o general Eduardo Pazuello (“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”). Depois de tanto obedecer a Bolsonaro, acabou caindo, e em depoimento à CPI negou pelo menos três vezes que o governo tivesse recomendado o uso de cloroquina e de outras drogas ineficazes no combate ao vírus.

Pazuello, além de obediente, não entendia nada de saúde. Médicos do chamado “gabinete paralelo”, como Nise Yamaguchi e Paulo Zanotto, davam ordens dizendo a Bolsonaro o que ele queria ouvir – que as drogas eram eficazes e que a pandemia só começaria a ceder quando 70% das pessoas fossem infectadas.

O governo emudeceu depois do depoimento da advogada Bruna Morato, ontem, na CPI, sobre a aplicação em cobaias humanas do kit covid (não confundir com o kit gay, outra fraude usada por Bolsonaro, essa na eleição de 2018). O ministro Marcelo Queiroga, que pegou a Covid, recupera-se em Nova Iorque e não quis falar.