Campo Grande

17/05/2022 17:00

Entregadores de panfleto enfrentam frio de 8ºC nas ruas de Campo Grande

O desafio maior é fazer com que alguns dos motoristas baixe o vidro e receba o informativo

17/05/2022 às 17:00 | Atualizado 17/05/2022 às 19:17 Rayani Santa Cruz e Adriano Bueno
Mesmo com o frio, Maria do Carmo segue trabalhando em suas entregas - Silas Lima

Maria do Carmo Cardozo da Silva, de 57 anos levanta todo dia cedo para entregar panfletos nas ruas de Campo Grande. Mesmo com o frio de 8ºC que fez na manhã desta terça-feira (17), ela diz que enfrentou o clima, fez um cafezinho quente e seguiu para a avenida Manoel da Costa Lima, para fazer as entregas.

Do Carmo mora no bairro Parque do Sol. Ela pega o material da empresa e entrega o dia todo até acabar. A campo-grandense mora sozinha, já que os filhos já estão adultos e encaminhados.

(Maria do Carmo enfrenta o frio e segue entregando os panfletos. Foto: Silas Lima)

Ela afirma que um dos problemas é que muitos motoristas não abrem a janela do carro para pegar os papeis. De casaco para tentar se esquentar, Maria disse trabalha há três anos no ramo e fica até o final da tarde entregando os panfletos.

“Parece que os motoristas dão mais valor às pessoas que estão pedindo dinheiro, do que pra gente que está trabalhando, e entregando panfletos.”

Um dos motoristas que passava na via disse que o ideal é que todos peguem os folhetos. “Eu sempre pego porque fico com dó. Estão trabalhando, né? Tem que ajudar”, disse uma das condutoras que passava pelo local. 

Também enfrentam o frio

Clayton García, 47 anos, afirmou à reportagem que vive nas ruas há sete anos, e drogas e bebidas motivaram a saída de casa. “Hoje em dia sobrevivo pegando pisos, pintando e fazendo artesanato para vender.”

(Clayton faz artesanato e vende para conseguir um dinheiro. Foto: Silas Lima)

Clayton disse que tem vontade de sair das ruas, mas tem muitas dificuldades. Ele era barbeiro e afirma que vive uma vida de aprendizado.

William Geovani, de 38 anos, é morador de rua e disse que está nas ruas há oito anos. Ele era pedreiro e disse que ficou sem teto após a mãe morrer de diabetes, há 14 anos. Willian conta que teve depressão e diversos problemas psicológicos, o que culminou na ida para as ruas.

“Tenho uma cama embaixo do córrego e essa noite foi muito difícil dormir”, relata.

Veja o depoimento completo: