Economia

08/11/2013 06:00

Produtores rurais preparam ultimato para governo resolver invasão de terras

Conflitos Indígenas

08/11/2013 às 06:00 | Atualizado Aline Oliveira
Foto: Geovanni Gomes

 

Produtores rurais se reuniram na tarde desta quinta-feira (7), no auditório da Acrissul para discutir os preparativos para reunião que acontecerá com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no próximo dia 21 e quais serão as atitudes que deverão tomar após 30 de novembro, prazo que o governo federal pediu para resolver a questão das indenizações nas terras invadidas.

 

Segundo o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia é preciso definir a situação dos produtores, já que dezenas de reuniões foram feitas até agora e o único anúncio concreto do governo é que até dia 30 estaria definido o calendário de indenizações. "Vivemos num Estado sem ordem, onde a polícia não se manifesta e todos assistem os produtores perderem as propriedades sem poder reagir. Esta situação é a mesma que um grupo invadir a casa de uma pessoa e exigir que ela saia, sem mais nem menos", argumentou.

 

Maia ressaltou ainda que o calendário agrícola está caminhando e os produtores estão perdendo prazo para o plantio e renovação do pasto. "Quem teve as áreas invadidas está de mãos atadas sem poder trabalhar, temos que resolver isso de uma vez", afirmou.

 

Novidades - Na ocasião, o advogado de um grupo de produtores, Newley Amarilla levou ao conhecimento dos presentes que dificilmente a União terá o recurso necessário para indenizar os produtores até o final de novembro. "Conversei com os senadores Delcídio do Amaral e Waldemir Moka e ambos me alertaram que não há possibilidade de que o governo cumpra com os pagamentos até o final do ano. Se isso não acontecer, ano que vem é que não acontecerá já que é ano de eleição", declarou.

 

Amarilla acrescentou que os dois pilares de qualquer Estado são o direito da vida e da propriedade e um governo que não assegura isso merece ser derrubado. "Nossa forma de responder é mostrando nossa união e força. Os políticos querem nosso apoio nas urnas não é? Então terão que atender nossas reivindicações, já que o Estado não tem dado condições de assegurar o direito de propriedade do cidadão", pontuou.

 

O diretor secretário da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ruy Fachini Filho declarou que a única forma de conseguir resolver esta situação é unir esforços com todas as entidades que apoiam os produtores. "Participei da reunião na qual esteve presente a presidente da Funai, Maria Augusta Assirati e ela não acrescentou nenhum fato novo ou coerente. Pelo contrário, falou muito pouco, o que deixou todos os participantes indignados. Resumindo parece que ela não sabia o que estava fazendo lá".

 

Na avaliação da produtora rural e advogada, Luana Ruiz a única solução para o desfecho das invasões de terra em Mato Grosso do Sul é indenizar por um preço justo ou reintegrar a terra aos proprietários. "Foram feitas duas frentes de trabalho, uma da Funai que fez o levantamento de benfeitorias nas propriedades e outra da Agraer que avaliou as terras. Nós tínhamos feito um acordo na reunião com o ministro de que os produtores seriam avisados com antecedência, do início dos trabalhos para acompanhar o grupo. Porém, isso não aconteceu e fomos avisados por um funcionário do Incra no dia em que se deslocavam para ir até as propriedades", denunciou.

 

A família de Luana é proprietária de uma área de 1.300 hectares no município de Antonio João, que foi invadida em 1998 e até hoje não houve definição sobre o local. "Nossas terras foram invadidas e o grupo ocupou 300 hectares e lá permanecem até hoje. O que precisa ficar claro é a irresponsabilidade do governo em prometer algo que já sabia que não iria cumprir. Eles (governo) estão tentando apagar fogo com gasolina", ponderou.