Chapadão do Sul

23/08/2024 15:00

Candidato gastou R$ 50 mil para levar senadora em eventos de pré-campanha

Walter Schlatter colocou um avião particular à disposição de autoridades e será investigado por abuso do poder econômico

23/08/2024 às 15:00 | Atualizado 23/08/2024 às 13:49 Felipe Dias
Segundo acusação, Walter estaria se utilizando do expressivo patrimônio que possui - Reprodução/Redes sociais

O candidato à prefeitura de Chapadão do Sul, Walter Schlatter (PP), está sendo investigado por abuso de poder econômico durante a pré-campanha para as eleições de outubro. A coligação "Unidos por Chapadão", do também candidato a prefeito Jocelito Krug (PSDB), entrou com uma ação de investigação judicial eleitoral contra Walter, pedindo a cassação da candidatura.

Segundo a acusação, Walter Schlatter estaria se utilizando do expressivo patrimônio que possui, avaliado em R$ 125 milhões, para executar diversas ações que se configuram como abuso de poder econômico. Entre elas, estaria o uso de avião particular para transportar autoridades nacionais e estaduais para sua filiação partidária.

De acordo com dados da plataforma Flightradar24, a aeronave de Walter teria sido utilizada no dia 6 de abril, para transportar a Senadora Tereza Cristina (PP), o presidente da Assembleia Gerson Claro (PP) e o Deputado Federal Luiz Ovando (PP), até Chapadão do Sul, onde ocorreria um evento para a confirmação da pré-candidatura do investigado.

Os gastos não teriam parado nisso, segundo a denúncia, que ainda acusa o candidato pela contratação de uma empresa de marketing voltada para a promoção da imagem pessoal dele. Walter também teria feito o impulsionamento massivo da conta pessoal no Instagram, que teria crescido de 3 mil para 22,6 mil seguidores no período de março a agosto de 2024, afirmam os denunciantes.

Walter também teria se utilizado do cargo como presidente do Sindicado Rural de Chapadão do Sul para elaboração de material e fomento da própria imagem através de uma agência de marketing da instituição, diz a denúncia.

"O trabalho de marketing nunca foi realizado para o Sindicato; na prática, as fotos, inserções em reportagens, panfletos, revistas, entrevistas na rádio (foram várias), sempre foi para exaltação pessoal do Investigado", afirma a ação.

Conforme a denúncia, Walter contratou a mesma empresa para também cuidar do marketing da campanha eleitoral. Ele também teria contratado diversos influenciadores para ajudar na divulgação da campanha.

Além disso, Walter teria se utilizado do evento 30ª Exposul 2024 como plataforma para promover a própria imagem, com vídeos publicitários divulgados por blogueiros durante a feira agropecuária e distribuição de ingressos gratuitos aos eleitores municipais. Também teria sido entregue uma revista com a foto dele e trajetória dentro da exposição e em todas as residências da cidade, diz a denúncia.

"O investigado utilizou-se indevidamente da estrutura e dos recursos do Sindicato, que incluiu o valor de R$ 60 mil recebido da Prefeitura de Chapadão do Sul para promover sua imagem pessoal junto à comunidade local".

A oposição acusa Walter de ter utilizado a 30ª Exposul como trampolim para seus interesses pessoais e eleitorais. "Os gastos do Investigado durante a pré-campanha ultrapassaram significativamente o teto permitido para a própria campanha eleitoral, que é de R$ 216.531,56", declaram.

"O Investigado, em todas as oportunidades que teve, seja como pré-candidato, seja como presidente do sindicato rural, seja como milionário, não perdeu a chance de se autopromover, patrocinando e impulsionando publicações, abusando do poder econômico", finaliza o processo.

A denúncia foi entregue a Justiça Eleitoral nesta quarta-feira (21). O candidato a vice-prefeito junto a Walter, Defensor Ernany (PL) também foi acionado ao processo já que compõe a chapa e, uma vez que a cassação de Walter seja aceita, isso implicaria diretamente na perda do mandato do vice, justifica a ação.

Ambos deve, ser requeridos para apresentarem a defesa as denúncias recebidas. A ação pede a cassação do registro de candidatura dos mesmos e que todos sejam declarados inelegíveis pelo prazo de 8 anos.