18/09/2025 17:00
Pai de santo acusado de queimar mulheres anuncia trabalhos após 'silêncio' em Campo Grande
Religioso nunca respondeu às acusações das vítimas
Pai de santo, de 40 anos, acusado de torturar mulheres durante trabalhos espirituais, estaria tentando retornar aos trabalhos, em Campo Grande. Os crimes investigados ocorreram na Vila Nhanhá. Veja vídeo ao final da matéria.
A indicação do retorno chegou ao TopMídiaNews por via anônima e traz o perfil dele no Instagram. Na rede, o líder religioso anuncia trabalhos como banhos, búzios tarô.
''Só com hora marcada'', observa o perfil do religioso. A foto é do próprio pai de santo com cenário típico de casas religiosas, com frutas e plantas sobre uma mesa.
O que chama a atenção é que o perfil está restrito e não aparece o número de telefone do homem. Outro detalhe é que, após as denúncias das vítimas, o pai de santo nunca se manifestou aos jornais. Apesar das várias tentativas de contato.
Na tarde desta quinta-feira, o site fez novos contatos, por telefone, mensagem na rede social e por WhatsApp. O espaço está permanentemente aberto para manifestação do envolvido.
Relembre o caso
Duas mulheres, de 21 e 44 anos, denunciaram, em 22 de julho, terem torturadas e ameaçadas durante ritual espiritual ocorrido cinco seis dias antes. O terreiro fica no Jardim Nhanhá, em Campo Grande.
O boletim de ocorrência registrado deu conta que as vítimas participavam de um trabalho espiritual tradicional da casa. Na ocasião, o pai de santo anunciou que havia incorporado uma entidade chamada "João Mulambo".
Segundo o relato, sete mulheres participavam do ritual, todas filhas de santo, e foram submetidas a uma série de práticas consideradas abusivas, sob ordens diretas do líder espiritual.
Ainda segundo narrado à época, o pai de santo proibiu que as vítimas se sentassem durante cerca de duas horas. Em seguida, rodou uma garrafa de cachaça e obrigou todas a ingerirem a bebida.
As vítimas afirmam que, embora algumas práticas sejam características do ritual, a imposição e o uso de violência física e psicológica não fazem parte da religião e foram além de qualquer limite espiritual. Duas das mulheres foram forçadas a permanecer de joelhos por mais de uma hora segurando velas acesas.
Em determinado momento, o pai de santo teria ameaçado todas as participantes dizendo que se alguma delas incorporasse uma entidade sem sua autorização, ele daria "cabeçadas até abrir a cabeça".
A denunciante mais velha relatou que, após sentir fortes dores de cabeça, pediu para sair, mas foi impedida sob a justificativa de que teria que ser "punida". Ela também afirmou que todas foram obrigadas a participar de um ritual em que se colocava pólvora na palma da mão e, em seguida, se acendia o material com um charuto.
Elas tiveram a mão queimada, mas não foram autorizadas a lavar o ferimento. Ainda conforme a denúncia, o pai de santo tentou jogar uísque sobre as queimaduras, prática que a denunciante recusou, mas outras participantes teriam sido submetidas à ação.
Abalada, a mulher contou que, após o ritual, conseguiu pegar a filha e ir embora do local. Ela afirma que todas as participantes foram submetidas à tortura sem justificativa e que o pai de santo, ao ser questionado, tentou legitimar os castigos como parte dos "fundamentos" da casa.
Ainda de acordo com o relato, o pai de santo alegou posteriormente que não se lembrava de nada, pois estaria incorporado durante o ritual.