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11/10/2025 13:00

Mato Grosso do Sul nasceu rural e se reinventou urbano sem esquecer o pequi e o siriri

Com quase o dobro da população original, o estado cresceu para além da população

11/10/2025 às 13:00 | Atualizado 11/10/2025 às 11:15 Sarai Brauna
Álvaro Rezende/Flávio André - MTUR

Criado pela Lei Complementar nº 31, sancionada pelo então presidente Ernesto Geisel, Mato Grosso do Sul só foi oficialmente instalado em 1º de janeiro de 1979. Na época, o novo estado tinha cerca de 1,4 milhão de habitantes, 55 municípios e uma economia basicamente rural. Hoje, são 79 cidades e mais de 2,7 milhões de habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE, quase o dobro da população original.

O crescimento populacional, no entanto, não aconteceu de forma homogênea. Cidades como Chapadão do Sul, Costa Rica e São Gabriel do Oeste se tornaram polos de desenvolvimento agrícola, enquanto municípios menores ainda enfrentam desafios de infraestrutura e oferta de serviços públicos.

Quando nasceu, Mato Grosso do Sul tinha o agronegócio como base econômica, e continua tendo. A diferença é que a produção se modernizou. O estado se consolidou entre os maiores produtores de soja, milho, carne bovina e celulose do país. Hoje, a economia sul-mato-grossense é marcada pela presença de indústrias ligadas ao campo e pela mecanização das lavouras, o que trouxe prosperidade, mas também novos desafios sociais e ambientais.

De acordo com dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), MS tem o 6º maior PIB agropecuário do Brasil, e responde por uma das maiores taxas de crescimento populacional do Centro-Oeste na última década.

Com o aumento populacional, veio a urbanização. Campo Grande, que à época da divisão tinha cerca de 280 mil habitantes, hoje se aproxima de 950 mil. O crescimento trouxe oportunidades, mas também pressões sobre saneamento, moradia e mobilidade urbana.

Ao longo dos anos, 30 novos municípios foram criados, o que exigiu expansão de escolas, hospitais, estradas e redes de abastecimento. Apesar dos avanços, o estado ainda enfrenta desigualdades internas - entre o Norte, mais agrícola e disperso, e o Sul, mais urbanizado e ligado à fronteira.

Se na política e na economia Mato Grosso do Sul seguiu seu próprio rumo, na cultura os laços continuam entrelaçados com o "irmão" Mato Grosso. O siriri e o cururu, danças típicas do Centro-Oeste, seguem vivos nos dois estados, embalados pela viola de cocho e o ganzá.

Na culinária, o pequi, o tereré e o churrasco pantaneiro são símbolos de uma herança comum que não conhece fronteiras. "As diferenças existem, claro, mas quando você vê o jeito do povo, o sotaque, a música - percebe que é tudo parte de uma mesma alma", conta entrevistada, que nasceu em Campo Grande antes da divisão e viu o estado se reinventar.