13/10/2025 18:45
Secretaria de Saúde de Bandeirantes nega denúncias: "não corresponde com a realidade"
Pasta admite que infraestrutura está sendo revista, mas culpa troca de mandato
A Secretaria de Saúde do município de Bandeirantes, a 74 quilômetros de Campo Grande, emitiu nota oficial sobre as denúncias levantadas por profissionais da saúde da cidade, que alegavam acumulo de funções, falta de higiene e precariedades no hospital local.
O tema veio a tona após reportagem do TopMídiaNews, onde enfermeiros relataram um cenário de ‘caos’ no Hospital de Bandeirantes. Conforme documento enviado ao Coren -MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), os profissionais já haviam levado as questões para a atual gestão municipal, mas sem o retorno esperado.
“Desde o início da gestão recebemos reclamações da população quanto ao atendimento e a infraestrutura das Unidades de Saúde em nosso município. Por isso, solicitamos ao prefeito a instauração de uma Auditoria Interna ampla, determinada por portaria publicada no Diário Oficial, no dia 01 de outubro, para verificação, análise e avaliação detalhada da situação administrativa, financeira, patrimonial e contratual do órgão, bem como a regularidade dos processos e procedimentos que se encontram em andamento”, disse a pasta.
Infraestrutura
Dois pontos adicionados na denúncia foram a falta de condições estruturais no hospital. A água utilizada no hospital, dada aos pacientes e funcionários, seria imprópria para o consumo, conforme a fonte.
“Somos obrigados a encher galões em uma torneira externa, onde animais como cachorros também bebem e lambem do mesmo local. A caixa d’água apresenta fezes de pombos, gerando grave risco de contaminação”, disse a denunciante que não quis se manifestar, com medo de represálias. Até mesmo a salas de cirurgias são subutilizas, e recém-nascidos dividem espaço com cadáveres.
Entretanto, a secretaria rebateu. “Contrariamente ao alegado, a caixa d'água do hospital é fechada e adequadamente protegida. As alegações sobre presença de animais no local de abastecimento não correspondem à realidade verificada pela direção da unidade”, disseram.
Sobre os locais subutilizados, a pasta também disse que “não existe sala de parto funcionando no mesmo espaço de esterilização de materiais com mistura de cadáveres, conforme alegado. Os espaços hospitalares seguem as normas básicas de segregação de atividades”.
Já acerca da segurança e vigilância do Hospital, a pasta admite que é preciso reformas. “Reconhecemos a necessidade de melhorias na segurança da unidade. O vigia atualmente exerce função como recepcionista no período noturno por se tratar de atribuição operacional devidamente prevista no plano de cargos e carreiras. Contudo, avalia-se a necessidade de processo licitatório para contratação de segurança para atuar na unidade”.
Insumos
Conforme a denúncia encaminhada ao TopMídiaNews, sabonete líquido, clorexidina, hipoclorito de sódio e PVPI, fundamentais para a higiene, desinfecção e prevenção de infecções cruzadas, estão em falta.
“Faltam, inclusive, luvas em tamanhos adequados, monitores de pacientes de emergência e abocaths infantis n.º 24”. As condições de alimentação e repouso também são indignas. Frequentemente, as refeições servidas apresentam gosto ruim ou sinais de estarem azedas, devido ao armazenamento inadequado das marmitas.
Novamente, a secretaria alegou que as condições estiveram, sob ocasião de transição de mandato, com “faltas pontuais”, mas que a situação foi regularizada. “A constatação atual, tanto in loco quanto pelo diretor da unidade, confirma a normalização do abastecimento de insumos básicos”.
“O espaço de descanso oferece as condições disponíveis na estrutura atual, contando com camas adequadas. Não há situações de funcionários dormindo no chão ou exposição a insetos como alegado”, complementam.
Mesmo com o Hospital sendo um dos locais que recebiam o fornecimento de carnes estragadas, descoberto após investigações da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), a secretaria também negou. “Não há conhecimento ou denúncia apresentada de situações de alimentação inadequada conforme relatado”.
“A auditoria interna em andamento permitirá um diagnóstico completo da situação e a implementação de medidas corretivas”, finaliza a pasta.