Campo Grande

17/10/2025 19:00

"Vocês são jovens, podem fazer outro", diz médico após bebê nascer morto em Campo Grande

Boletim de ocorrência detalhe negligência por parte de equipe médica de maternidade

17/10/2025 às 19:00 | Atualizado 18/10/2025 às 07:41 Carol Rampi
Reprodução

A família do pequeno Ravi, que morreu durante um parto normal na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, alega que houve descaso por parte da equipe médica e violência obstétrica. O caso aconteceu na manhã desta quinta-feira (16), e informações do boletim de ocorrência mostram que o parto foi antecipado e os médicos trataram os pais com frieza e descaso. 

Conforme o B.O, a mãe de Ravi, Cláudia Batista da Silva, entrou em trabalho de parto na quarta-feira (15), por volta das 11h, quando se deslocou para a maternidade. Às 12h30, a mulher ficou em uma espécie de ‘sala de parto’, e até então o bebê estava com os batimentos cardíacos normais. 

Cláudia entrou na sala de parto apenas às 17h30, mas o parto só foi começar às 8h de quinta-feira, sendo que, ela estava com apenas seis centímetros de dilatação, quando o correto é dez. 

O parto foi realizado por dois médicos e cinco auxiliares. Ainda conforme o boletim, o marido da gestante, Eduardo de Souza, foi acionado pelos médicos a auxiliar, para realizarem uma retirada forçada do bebê. 

“Quando viu que a cabeça do bebê estava para fora, notou que a cabeça estava em um formato anormal (deformação) e que havia um coágulo na cabeça do bebê [...]. No momento que a cabeça do bebê foi expelida, não notou nenhum sinal vital do bebê”, disse o relato. 

O médico teria então puxado o bebê com toda força pela cabeça. Assim que a criança saiu, sem batimentos cardíacos, ele foi colocado de forma brusca no colo da mãe. A equipe tentou reanimá-lo, mas após 40 minutos o óbito foi declarado. 

Logo após o óbito, um dos médicos teria dito para a mãe que o casal “é jovem, e poderiam fazer outro bebê, que se eles retornassem, dessa vez ele faria uma cesária”. 

A família alega que em nenhum momento Cláudia apresentou intercorrências na gestação, e que já possue dois filhos nascidos de parto normal. Informações e imagens obtidas pelo TopMídiaNews reforçam que o parto foi realizado de forma forçada, e que o corpo do bebê foi encaminhado para o IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal), sem a entrega de um documento oficial para a família com detalhes da morte.

O que diz a maternidade

Em nota encaminhada para a reportagem, a Maternidade Cândido Mariano alega que não houve falhas, e que complicações são “imprevisíveis”.


“A gestante possuía histórico de dois partos normais anteriores e, durante todo o processo, recebeu acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem. No momento do parto, houve a ocorrência de distócia de ombro, uma complicação obstétrica grave e imprevisível, que pode ocorrer mesmo em condições de parto consideradas normais.

Infelizmente, apesar de todos os esforços da equipe, o caso teve desfecho trágico, com o óbito do recém-nascido.

Ressaltamos que, a princípio, não foi identificada qualquer falha ou indício de negligência na condução do atendimento. Ainda assim, por compromisso com a transparência e a qualidade da assistência, o caso será apurado pelas Comissões de Ética e de Óbito da instituição, conforme protocolo interno.

A Maternidade manifesta profundo pesar pela perda e solidariedade à família, reiterando seu compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento a todas as pacientes”. 

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