28/10/2025 07:00
Decreto de Adriane Lopes eleva IPTU no Centro e faz promessa de campanha virar 'lenda urbana'
Durante as eleições, a atual prefeita prometeu reduzir o imposto pago por comerciantes e moradores da área central
A Prefeitura de Campo Grande publicou, na quinta-feira (23), o Decreto nº 16.422/2025, que atualiza o valor venal dos imóveis e define o reajuste de 5,32% no IPTU de 2026. O índice segue a inflação medida pelo IPCA-E, mas, na prática, deve representar aumento no valor pago pelos contribuintes, principalmente na área central, onde os imóveis são mais valorizados.
O município afirma que a medida não é um aumento, apenas uma “correção inflacionária” autorizada por lei. Ainda assim, para quem já sente o peso do imposto, o reajuste chega como reflexo de uma promessa quebrada. Isso porque durante a campanha, a prefeita Adriane Lopes (PP) prometeu incentivos fiscais, como a redução de IPTU e ISS, para reaquecer o comércio do centro e incentivar reformas e novos usos dos prédios antigos. No entanto, nada disso saiu do papel.
Segundo o vereador Papy (PSDB), também presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, não há nenhum projeto tramitando na Casa de Leis que trate de benefícios para o Centro. Ele explica que qualquer aumento acima da inflação precisa ser aprovado por lei, mas como o aumento não foi tratado desta forma, não precisou passar pelos vereadores, mas reconhece que o decreto permite ajustes regionais. Na prática, isso abre brecha para que áreas com maior valorização, como o Centro, acabem pagando mais.
O vereador Marquinhos Trad (PDT) também critica a falta de clareza na promessa da prefeita. Para ele, Adriane “prometeu algo que não tinha como cumprir”, já que o cálculo do IPTU depende de uma fórmula técnica e de regras federais. Ele lembra ainda que a anistia urbana recente, que regularizou milhares de imóveis, aumentou o valor venal de muitos prédios, especialmente na região central.
Enquanto isso, os comerciantes do coração da cidade enfrentam o cenário oposto ao prometido: em vez de incentivos, mais custos. A região central, que deveria ser prioridade de requalificação, vê o discurso de revitalização se perder em meio a planilhas e decretos. O IPTU “corrigido” se tornar mais um obstáculo para quem tenta manter o negócio de pé.