há 3 semanas
Médicos denunciam caos nas UPAs de Campo Grande: 'sem remédios, sem exames e com redução salarial'
Sem exames e remédios básicos, profissionais da saúde ainda lidam com o descaso salarial
Médicos da rede municipal de Campo Grande denunciam condições críticas de trabalho nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Segundo um profissional que preferiu não se identificar, os plantões foram reduzidos, há falta de medicamentos essenciais e exames básicos, como troponina e creatinina, não são realizados há semanas.
O médico relata ainda que houve redução no valor pago aos profissionais que fazem plantão. “Hoje saiu no Diogrande uma redução em nossos eventuais e aos finais de semana, de 20% para 10%. Trabalhamos em diversas UPAs com equipe reduzida por falta de contratação. E de presente? Redução de 10% no valor do plantão e 50% no Natal e Ano Novo”, afirmou.
Segundo ele, os profissionais estão sem medicamentos como dexametasona, ibuprofeno, dipirona e até antibióticos, como ceftriaxona. Uma agente de saúde também questionou o motivo da falta de exames essenciais no SUS (Sistema Único de Saúde) de Campo Grande e até quando essa situação vai se estender.
A agente envia uma lista de exames que estão desativados pelo SUS, por problemas no laboratório: Potássio, Sódio, Ureia, Gama g.t., Creatinina, Triglicerideos, Colesterol frações, Colesterol total, Proteína c Reativa, Acido úrico, Triglicerideos, Anti- hbc, Anti-hbs, Anti-hcv, Hiv, Anti-hbc igm, Fator reumatoide, Amilase, Fosfatase alcalina , Tsh, T3, T3 livre, T4, T4 livre, PSA total/livre e Vitamina D.
A médica denunciante descreveu ainda a sobrecarga e a superlotação das unidades. Ela afirmou que muitos pacientes que precisam de atendimento urgente acabam enfrentando demora e descaso. “Chegamos para assumir um plantão com 56 pacientes aguardando, fora os que ainda seriam classificados. São três ou quatro plantonistas para dar conta em uma UPA que recebe de 200 a 300 pessoas por dia”, relatou.
Com o grande número de atendimentos, a profissional contou que os médicos também enfrentam ameaças frequentes de pacientes insatisfeitos com a demora, enquanto faltam condições mínimas de trabalho - incluindo eletrocardiograma em algumas unidades. Ela disse ainda que a tentativa de conseguir vagas para pacientes se torna inviável sem os recursos necessários.
Atualmente, um plantão de 12 horas durante a semana é pago a R$ 773,24, enquanto o noturno chega a R$ 850. “Um plantão deveria estar em R$ 2 mil, mas caiu de mil para 800”, afirmou.
O médico criticou a gestão municipal e acusou a prefeita Adriane Lopes (PP) de só agir quando há exposição na mídia. A categoria reivindica reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
O que diz a prefeitura?
A Sesau informa que realiza monitoramento constante da rede pública para assegurar o abastecimento de insumos e medicamentos, bem como a manutenção dos equipamentos utilizados nas unidades. Situações pontuais são acompanhadas pelas equipes técnicas para serem corrigidas. Atualmente, a Prefeitura instituiu o Comitê Gestor da Saúde, que vem conduzindo uma ampla reestruturação administrativa e operacional na Sesau, com revisão de contratos, reorganização de equipes, visitas técnicas às unidades e implantação de novos sistemas de controle de gestão, como o e-sus farmácia, visando fortalecer a eficiência, a transparência e a capacidade de resposta da rede municipal de saúde.