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há 1 semana

Gestão Adriane paga R$ 17 milhões para ONG de família de envolvido em 'falcatrua' na habitação

Campo Grande: casal administrava ONG contratada para construir 300 casas; apenas 42 foram entregues

24/11/2025 às 07:00 | Atualizado 24/11/2025 às 10:22 Thiago de Souza
Aldo (à dir.) comanda a ONG Conssol - Reprodução Instagram

Gestão Adriane Lopes firmou termo de cooperação com a ONG Conssol, para executar ações habitacionais em Campo Grande, ao valor de R$ 17,6 milhões. O detalhe é que o diretor da entidade, Auro da Silva, é pai e sogro de um casal que chegou a ser preso e é réu por desvio de R$ 2,7 milhões da Habitação da cidade. 

O extrato do termo de parceria entre Conssol e Município de Campo Grande foi publicado em diário oficial na quarta-feira (19). O objeto do contrato milionário é descrito da seguinte forma: 

''Execução integrada de ações habitacionais sociais, sendo a elaboração e execução de Trabalho Técnico Social – TTS em empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida, ações continuadas e eventos comunitários, apoio aos Programas Minha Casa Legal, Campo Grande Sustentável e Credihabita, execução de Regularização Fundiária Urbana – REURB, e organização de edições do Feirão Habita Campo Grande e Programa Sonho de Morar, conforme especificações do Programa Sonho Seguro''. 

Vereador Otávio Trad visitou moradia erguida com ajuda da ONG Morhar (Foto: Reprodução CMCG) 

Alerta

Após a divulgação desse contrato, um denunciante detalhou que Auro da Silva é pai de Alana Valéria da Silva e sogro de Rodrigo da Silva Lopes. O casal, em razão do MPE-MS, se tornou réu na 2ª Vara Criminal de Campo Grande por lavagem de dinheiro, peculato e falsificação de documento e teria desviado R$ 2,7 milhões destinados à construção de 300 casas populares no Bairro Vespasiano Martins. 

Alana e o esposo Rodrigo são réus por peculato (Foto: Reprodução TJMS)

Revolta

O contrato do casal Alana e Rodrigo, ligados à ONG Morhar, se deu na gestão Alcides Bernal. O objetivo, à época, era qualificar ex-moradores de favelas para construir 300 casas populares, mas, na ocasião da investigação do MPE, somente 42 haviam sido entregues. 

A instituição representada por Rodrigo e Alana teria abandonado a obra, que em parte teria sido feita com material de baixa qualidade. Ainda segundo o processo, consta que o Município ficou com prejuízo de R$ 981 mil, que foi cobrado via judicial. O vereador Otávio Trad chegou a visitar uma das moradias precárias no Vespasiano Martins. 

Inaceitável

Na visão do denunciante, a contratação do pai e sogro de quem responde criminalmente por desviar milhões dos cofres públicos é um escândalo. E acontece justamente no mesmo setor afetado anteriormente: a habitação. 

''Isso gera risco de reincidência de esquema, falta de critério na escolha da entidade, ameaça aos recursos públicos e desrespeito às famílias [lesadas no escândalo] que aguardam moradia digna'', desabafou o anônimo. 

Procuramos Rodrigo e Alana, mas não houve retorno. O espaço está aberto a eles e demais citados.