há 1 semana
Mãe denuncia falta de tratamento para filho com autismo severo em Campo Grande
Jovem está sem o tratamento adequado, o que causa internações constantes
A rotina de Patrícia De Sá Ferraz, 48 anos, voltou a se transformar em desespero após a nova internação do filho, Samuel José de Sá Dittrich, 19 anos, autista severo. O jovem passou mais de sete meses na Santa Casa de Campo Grande, recebeu alta por apenas um dia e foi internado novamente após uma crise violenta. Sem medicação adequada e sem local especializado para recebê-lo, a mãe relata que vive um ciclo de idas e vindas entre UPAs, CAPS e hospitais, sem que o Estado ofereça a assistência necessária.
Para o TopMídiaNews, a mãe do jovem explicou que o filho ficou doente em março e só recebeu alta no final de outubro, internado na Santa Casa de Campo Grande. Porém, ele passou apenas um dia em casa, sendo internado novamente após uma crise, já que ele não é medicado para o caso de TEA, e que controle os episódios relacionados ao transtorno. Com a nova crise, a mãe passou por uma nova jornada em busca de atendimento.
“Ele foi para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do Aero Rancho, depois para o CAPS [Centro de Atenção Psicossocial], aí depois para a UPA da Vila Almeida. De lá, conseguimos a transferência para a Santa Casa, mas nem com a ajuda da Defensoria Pública consigo encontrar o lugar adequado para tratar do autismo dele”.
Quando o jovem recebe alta, a situação é de angústia para a mãe. “Em casa ele não consegue ficar um dia, ele começa a machucar quem estiver por perto, quebrar o que estiver próximo, machuca a si mesmo”.
Ainda conforme Patrícia, a assistente social da Santa Casa indicou que Samuel ficará apenas sete dias internado, e após será mandado novamente para casa, porém sem o tratamento e medicação.
“Não oferecem um tratamento certo pra ele e esse é meu desespero, ele fica todo machucado, amarrado. Cada vez que ele volta para casa se repete essa situação”, desabafa.
Em agosto, o TopMídiaNews fez uma reportagem relatando o caso da família, que na época aguardava vaga no Hospital Nosso Lar. A avó do jovem também relatou a luta para que ele fosse atendido, e até mesmo o Hospital Santa Emília emitiu uma carta para ser levada à Defensoria Pública, relatando que Samuel necessitava de internação em clínica especializada. "Ele quebra tudo, se machuca, agride a mãe. Já destruiu fogão, geladeira. É impossível manter ele em casa sem o tratamento certo", afirmou.
Agora, Patrícia pretende levar o caso mais uma vez a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul. A reportagem tentou contato com a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), que respondeu por meio de nota.
Nota:
A SAS informa que é necessário saber se a mãe em questão é referenciada e tem o acompanhamento do Cras da região em que ela reside. A partir do momento que ela e a família forem referenciados em alguma unidade, ela terá o acompanhamento assistencial do Cras, que irá acompanhar a família em relação não apenas ao Cadastro Único, mas também quanto ao Bolsa Família, além de auxiliar na inserção de outros programas sociais, como o BPC. Ela também receberá orientações sobre o programa Cuidando de Quem Cuida, que é um benefício eventual oferecido pelo Governo do Estado para o cuidador que tem dentro da sua família, uma pessoa que necessita de cuidados continuados, por isso é essencial que ela busque a unidade de Cras mais próxima de sua casa para receber tais orientações. Lembrando que por meio do Cras ela também tem acesso a benefícios eventuais, como a cesta básica, mas para isso é preciso que ela procure um Cras com os documentos pessoais e comprovantes de residência para passar por avaliação socioassistencial da equipe da unidade.