há 6 dias
Greve e falta de informações agravam quadro de idosa de 81 anos internada em Campo Grande
Rosenilda afirma falhas de comunicação e pressão psicológica durante tentativas de procedimentos; hospital ainda não se manifestou
Cuidadora Rosenilda de Arruda Santos, de 53 anos, procurou a imprensa para denunciar o que considera uma série de falhas no atendimento prestado à sua mãe, Geni Balbina de Arruda Santos, de 81 anos, internada desde o dia 25 de novembro na Santa Casa de Campo Grande. Segundo ela, a idosa enfrenta um quadro considerado grave pelos médicos, com um tumor descoberto há seis meses, mas não estaria recebendo a atenção necessária.
Rosenilda afirma ter feito registros em vídeo e áudio de momentos em que, segundo ela, houve falta de informação, contradições entre equipes, dificuldades em procedimentos e até situações que caracterizariam pressão psicológica.
“Eu tenho tudo gravado, porque às vezes falam que a gente está exagerando, que é normal ela estar assim. Mas ela está doente, está internada e precisa de prioridade”, diz.
Falhas de comunicação e demora em procedimentos, diz família
Segundo o relato, durante as tentativas de acesso venoso, a equipe teria pedido que ela deixasse o quarto, algo que, na percepção de Rosenilda, seria para evitar que presenciasse tentativas mais invasivas.
“A veia dela é difícil de acessar, e eu sei disso. Mas acreditava que deveriam colocar um cateter adequado. Tentaram várias vezes, me tiraram do quarto, e eu fiquei muito abalada”, afirma.
Ela diz ainda que escutou comentários que teriam lhe causado constrangimento.“Uma enfermeira falou para ela: ‘Tá vendo? Você está assim porque tirou a sonda’. Minha mãe tem 81 anos, está fraca, não está comendo. Ela não merece ouvir essas coisas”.
Rosenilda também menciona que parte da angústia vem da greve de profissionais, que teria comprometido consultas previamente marcadas.
“Quando marcou consulta com o cirurgião, ele entrou em greve. A gente veio para a Santa Casa, mas disseram que também estavam em greve e não atenderam. Desde então fomos tentando, até que a situação dela piorou”.
Emocionada, Rosenilda relata que é filha única e responsável integral por acompanhar a mãe. Ela afirma sofrer cobranças de vizinhos, enfrentar depressão e já ter passado por uma tentativa de suicídio em 2023.
“Eu deixei minha vida pra viver a dela. Estou tomando remédios, estou tentando ser forte. Mas não sei mais a quem recorrer. Dizem pra entregar pra Deus, e eu entrego, mas Deus quer que a gente corra atrás dos direitos também”, relatou
Segundo ela, a prioridade agora é garantir que a mãe receba o tratamento necessário e que o caso seja acompanhado com seriedade. “Eu só quero ajuda. Quero que alguém veja o que está acontecendo. Tenho tudo registrado, posso enviar tudo”, explicou.
Histórico de saúde e agravamento do quadro
De acordo com Rosenilda, Geni já havia enfrentado um câncer de pele agressivo em 2007, tratado à época. Meses atrás, exames apontaram um novo tumor, cujo avanço ainda não foi esclarecido à família.
“Eles falam apenas que o caso é grave, que os rins dela pararam e que estaria comprometido pelo câncer. Mas não explicam que tumor é esse agora”, relata.
A filha afirma que, nos últimos meses, a mãe deixou de se alimentar adequadamente e passou a necessitar de fraldas durante a noite. Antes da piora, porém, ainda fazia atividades como café, crochê e pequenos afazeres domésticos.
A Santa Casa retornou o contato informando apenas que apurará o ocorrido. "Vamos apurar e respondemos assim que possível".