Cultura

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Nioaque dá passo histórico para se tornar destino turístico indígena em MS

Plano de Visitação é entregue às comunidades indígenas de Nioaque, preparando aldeias para receber turistas com segurança, cultura e protagonismo local

03/12/2025 às 09:11 | Atualizado 03/12/2025 às 09:32 Sarai Brauna
Nioaque dá passo histórico para se tornar destino turístico indígena em MS - Messias Ferreira - Sebrae/MS

As comunidades indígenas de Nioaque deram um passo decisivo rumo ao etnoturismo em Mato Grosso do Sul com a entrega oficial do Plano de Visitação – Etnoturismo, na última sábado (29). Desenvolvido pelo Sebrae/MS em parceria com o Governo do Estado, Fundtur/MS (Fundação de Turismo de MS), SEC (Secretaria de Estado de Cidadania) e Prefeitura de Nioaque, o documento consolida um modelo de turismo de base comunitária estruturado junto às aldeias Terena (Brejão, Cabeceira, Água Branca e Taboquinha) e Atikum (Vila Atikum).

A entrega ocorreu no Centro Comunitário da Aldeia Brejão, com programação que evidenciou a riqueza cultural das comunidades, incluindo apresentações de dança Putu Putu, demonstrações de grafismo, mostras de artesanato e a entrega de certificados de cursos voltados ao empreendedorismo e qualificação para o turismo, como condução em ecoturismo, fotografia, redes sociais, comunicação e Empretec.

Para o diretor-superintendente do Sebrae/MS, Claudio Mendonça, o plano representa um divisor de águas. “O turismo agora nasce do próprio povo, com valorização da cultura e protagonismo local. O plano estabelece bases concretas para o desenvolvimento sustentável e coloca essas aldeias no mapa do turismo de Mato Grosso do Sul”, afirmou.

O subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários da SEC, Fernando Souza, reforçou a importância da iniciativa para o fortalecimento social e econômico das comunidades. Já o indigenista Bolívar Porto, da Fundtur/MS, destacou o caráter coletivo do projeto, que agora passa à fase de implementação pelas próprias comunidades.

O plano organiza ações em segurança turística, governança, cultura, infraestrutura, operação de roteiros e empreendedorismo. Entre as experiências propostas estão grafismo, rituais, trilhas, culinária tradicional, dança e vivências autênticas, incluindo atrações como a Casa do Hermogênio e o Camping da Dona Maria. A operação será coordenada pela Agência Comunitária de Turismo, garantindo integração e profissionalização do destino.

O cacique Ademir da Silva, da Aldeia Brejão, celebrou a oportunidade de mostrar a cultura indígena de forma organizada e geradora de renda: “Nossa cultura sempre esteve aqui. Agora, poderemos mostrá-la ao mundo com respeito e segurança.” Para o professor Thiago da Silva, da etnia Terena, o projeto é a realização de um sonho coletivo que deixa legado para as próximas gerações.

O lançamento da marca “NIOAC – Cultura Viva, Turismo Indígena” simboliza um território em movimento, articulando ancestralidade, empreendedorismo e proteção territorial. O próximo passo é obter a anuência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), etapa essencial para a abertura oficial do destino ao turismo nacional e internacional.