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há 5 horas

Infraestrutura precária afeta milhões de moradores de favelas no país

Censo revela falta de acesso a transporte, arborização e mobilidade urbana

05/12/2025 às 17:52 | Atualizado 05/12/2025 às 15:55 Méri Oliveira
Dados do IBGE mostram quão precárias são as condições de quem mora em favelas no Brasil - Ilustrativa / Wesley Ortiz

Dados divulgados hoje (5) pelo IBGE mostram que cerca de 3,1 milhões de pessoas que vivem em favelas no Brasil moravam, em 2022, em trechos de vias acessíveis apenas a pé, de moto ou de bicicleta. Isso representa 19,2% da população desses territórios. A dificuldade de acesso impede a chegada de ambulâncias, caminhões de coleta, transporte público e veículos de carga, ampliando desigualdades estruturais.

O levantamento também mostra que 21,7% dos moradores de favelas viviam em ruas sem pavimentação, o equivalente a aproximadamente 3,5 milhões de pessoas. Fora dessas áreas, 91,8% dos domicílios ficam em vias pavimentadas. A presença de bueiros ou bocas de lobo também é reduzida: apenas 45,4% desses moradores estavam em trechos com infraestrutura de drenagem, enquanto, fora das favelas, o índice chega a 61,8%.

A coleta de lixo acompanha a desigualdade de acesso. Em áreas onde carros e caminhões conseguem entrar, 86,6% dos domicílios recebiam coleta diretamente. No entanto, nas ruas com acesso restrito dentro das favelas, esse percentual cai significativamente, como exemplifica a região Sudeste, onde chega a apenas 48,6%.

Outro ponto crítico revelado pelo IBGE é a falta de arborização. Mais de 60% dos moradores de favelas e comunidades urbanas - cerca de 10,4 milhões de pessoas - viviam em vias sem árvores. A ausência de vegetação reduz conforto térmico, prejudica o ambiente urbano e afeta diretamente o bem-estar. Entre a população que se declarou preta, 68% viviam em trechos sem nenhuma árvore.

A mobilidade urbana e a acessibilidade também são deficientes: apenas 3,8% dos moradores de favelas viviam em vias com calçadas sem obstáculos, contra 22,4% nas demais áreas. Rampas para cadeirantes praticamente não existiam nesses territórios, onde mais de 95% da população vivia em ruas sem qualquer estrutura para pessoas com mobilidade reduzida.

Segundo o IBGE, o levantamento do Censo 2022 abrange 16,2 milhões de residentes em 12,3 mil favelas e comunidades urbanas distribuídas por 656 municípios. O conjunto dos dados revela que as desigualdades urbanas permanecem profundas e multifatoriais, atingindo especialmente populações negras e de baixa renda. O instituto reforça que o cenário exige políticas públicas estruturantes voltadas para infraestrutura, saneamento, mobilidade, arborização e acessibilidade.