Política

há 1 dia

Com prazo curto e sem acordo, Flávio Bolsonaro tenta salvar anistia

Negociações estagnaram na Câmara, e Senado tem agenda difícil para analisar pauta que é bandeira defendida pela direita bolsonarista

09/12/2025 às 08:10 | Atualizado 09/12/2025 às 08:12 Metrópoles, parceiro do TopMídiaNews
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

Com cerca de 10 dias para o início do recesso, parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo seu filho e escolhido como pré-candidato à Presidência, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), enfrentam o dilema sobre o que fazer a respeito da anistia para os presos do 8 de Janeiro. O texto está estagnado na Câmara dos Deputados sem acordo e não tem espaço no Senado.

A demora se dá pela falta de apoio à proposta do relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que quer um modelo de redução de penas, e não uma anistia “total e irrestrita”, como é pleiteada por bolsonaristas.

O filho mais velho de Bolsonaro citou a votação como uma das suas prioridades para esses primeiros momentos da sua pré-candidatura, e tenta apoio de líderes do Centrão – com quem se reuniu da noite de segunda-feira (8/12) em sua casa. Os presidentes do União Brasil e do PP, Antonio Rueda e Ciro Nogueira, evitaram expressar apoio de imediato e disseram que vão consultar suas bancadas.

Flávio condiciona a anistia como parte do “preço” para retirar a candidatura a abrir espaço para um nome do Centrão nas eleições do ano que vem. A declaração não caiu bem com o relator da proposta, que disse que “anistia para Bolsonaro está fora de questão”.

Pré-candidatura

Imbróglio

Na Câmara, tamanho é o imbróglio, que o próprio líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu se distanciar das negociações nas últimas semanas. O parlamentar foi, até o momento, o principal porta-voz da proposta dentro da Casa e entre líderes partidários.

A interlocutores o pastor disse que “esgotou” as possibilidades de negociação diante do relatório estipulado por Paulinho da Força, que não deverá abraçar uma anistia nos moldes desejados pelas bases bolsonaristas.

Também contribuiu na retirada o clima na Câmara. Sem adesão do PL, o texto não deverá andar. Líderes partidários ouvidos pelo Metrópoles disseram que, sem a adesão do “principal interessado”, a pauta seguirá engavetada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Sóstenes passou o bastão para o próprio Flávio Bolsonaro e para o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). Há uma leitura de que o clima no Senado esteja menos saturado. No entanto, líderes da própria oposição avaliam que não há espaço ou tempo para discutir o tema.

STF

A pauta, comandada pelo presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), está tomada pelas discussões sobre as medidas que serão votadas em resposta ao embate com o Supremo Tribunal Federal (STF), como o Marco Temporal e as atualizações na Lei do Impeachment.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também tem maioria na Casa, o que dificulta o terreno para tramitação da proposta. Além do Senado, a pauta conjunta do Congresso está tomada pelo Orçamento de 2026 e por vetos presidenciais remanescentes. Alcolumbre deverá convocar duas sessões nas próximas duas semanas antes do recesso.