Política

25/11/2015 10:56

Delcídio teria oferecido ‘chance de fuga’ para Cerveró

25/11/2015 às 10:56 | Atualizado Diana Christie
Foto: Assessoria/Delcídio

Líder da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) teria oferecido uma oportunidade de fuga para o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, condenado a cinco anos de prisão. Em troca, ele deveria ocultar detalhes de possíveis atividades ilícitas, como pagamentos de propinas, envolvendo a estatal.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a proposta foi utilizada para embasar o pedido de prisão do MPF (Ministério Público Federal), que usou um áudio gravado por um filho de Cerveró. A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) é inédita no país, já que os parlamentares possuem diversas garantias descritas na Constituição Federal para evitar a instabilidade política. Segundo o ministro Teori Zavascki, Delcídio teria oferecido uma mesada de pelo menos R$ 50 mil ao investigado.

Cerveró seria afilhado político do senador Delcídio do Amaral. Conforme reportagem da Rede Globo, o petista teria recebido US$ 1,5 milhão em propinas pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que causou um prejuízo de US$ 179 milhões aos cofres da Petrobras em 2006. O dinheiro seria um ‘bônus’ pela indicação de Cerveró para compor a diretoria internacional da estatal.

Apesar disso, como as denúncias realizadas durante os primeiros depoimentos da Lava Jato não apresentavam poucos indícios de corrupção, o MPF (Ministério Público Federal) arquivou o procedimento investigatório em março de 2015. Naquele período, o único sul-mato-grossense na mira da Operação Lava Jato era o deputado federal Vander Loubet (PT).

Quando as denúncias vieram a público, o senador cehgou a publicar uma nota em sua página no Facebook em que disse achar“estranho” ser relacionado a esquemas de corrupção em um período que era considerado “persona non grata” – que não é bem-vinda- pelos investigados durante a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios.

No mês passado, o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Baiano, também afirmou, em depoimento para a Operação Lava Jato, que o senador seria um dos beneficiários de propinas entregues a políticos para garantir o contrato de afretamento – transporte de carga mediante pagamento – do navio-sonda Petrobras 10.000.

De acordo com a Folha de São Paulo, ele e Renan Calheiros (PMDB-AL) teriam recebido entre US$ 5 milhões e US$ 6 milhões, valor este que foi compartilhado com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, indicado pelo partido que ocupa a vice-presidência do país. Segundo Baiano, os pagamentos teriam sido realizados entre 2006 e 2008, através do também lobista Jorge Luz.

Nesta ocasião, o petista alegou que foi apresentado ao lobista Baiano na década de 90 por um empresário, mas nunca mais teve contato com ele. A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de Delcídio novamente na manhã de hoje (25), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Na semana passada, via assessoria, ele informou que não comentaria as denúncias e usaria das prerrogativas da Lei 13.188, que trata do direito de resposta, para reparar eventual dano causado pela repercussão do caso.