Abre o Olho

20/08/2016 15:08

Alvo de esquema criminoso, Semy Ferraz alerta candidatos sobre 'golpe político'

Ex-deputado afirma que esquema fraudulento impugnou sua candidatura a deputado estadual

20/08/2016 às 15:08 | Atualizado
TopMídianews

Revoltado com a falta de punição de pessoas que confessaram armar esquema para destruir sua carreira política, o ex-deputado estadual e ex-secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Semy Alves Ferraz disse que pretende alertar a sociedade para que candidatos deste ano não tenham a mesma 'surpresa', que acabou com sua candidatura a deputado estadual em 2006.

De acordo com Semy, desavenças pessoais com o ex-prefeito da Capital, André Puccinelli (PMDB) levaram o filho do peemedebista, André Puccinelli Junior, o ex-secretário de Obras e deputado federal Edson Giroto, o dono da gráfica Alvorada, Mirched Jafar Junior e Edmilson Rosa, dono da empresa engenharia RMW a 'armar um esquema', colocando 'santinhos com notas de R$ 20 grampeadas' dentro do carro do coordenador de campanha do candidato, que teve a candidatura suspensa às vésperas da eleição.

"Naquele momento,  o André era investigado por diversas ações intentadas por mim como a Área do Papa, a Privatização da Águas e emblemático e notório caso dos Garis Laranjas.Eu estava em Paranaíba no dia e meu coordenador de campanha foi preso aqui na Capital com 27 notas de R$ 20 grampeadas em santinhos. Eu sempre disse que acreditava no meu coordenador e que isso não era verdade, tanto não era, que foi comprovado. O próprio Giroto confessou que ele mesmo fez a ligação para a Polícia Federal para fazer a denúncia e o Edmilson confessou que ele colocou os santinhos com as notas dentro do veículo. O André Puccinelli e o filho, aparecem em ligações comemorando a situação, que foi comprovada com a quebra de sigilo telefônico que mostra eles articulando o esquema", explica Semy.

Diante disso, em 2008, André Puccinelli Júnior, Edmilson Rosa, Edson Giroto e Jafar Junior foram indiciados e se tornaram réu pelo crime de denunciação caluniosa, através das investigações da operação Vintém. Porém, o  juiz da 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande,  Dalton Igor Kita Conrado, proferiu sentença inocentando os réus.

Na decisão, o juiz alegou que não "houve inquérito policial conclusivo para a tipificação do crime de denunciação caluniosa: não foi instaurado inquérito policial para apurar fato relacionado ao Semy Ferraz ou Benoal Prado Sobral, porque o Delegado de dia considerou o fato atípico e o Delegado Federal que presidia o inquérito policial sobre corrupção eleitoral já tinha conhecimento de que os santinhos foram colocados no veículo de Benoal à sua revelia, devido à interceptação telefônica.”

Semy questiona o motivo do juiz inocentar os réus que confessaram a farsa e alerta a sociedade para que novos candidatos não se tornem vítimas de armações. "O Giroto e o Rosinha são réus confesso nessa questão, eles não podem ser inocentados sendo que confessaram o crime. Essa atitude abre precedente perigoso para a política, estamos recorrendo da situação, mas acaba estimulando as pessoas a fazer denúncias e cometer atos criminosos".

Junto dos advogados, o ex-secretário cogita a possibilidade de entrar com uma representação contra o juiz no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. "Estou vendo com meus advogados a possibilidade de entrar com essa representação para alertar o risco que isso oferece para a democracia. A política já vive um momento crítico de crise, onde as pessoas estão brigando com ânimos a flor da pele. Essa decisão simula a impunidade".

Ao relembrar o fato, Semy explica que cumpria o primeiro mandato de deputado estadual e tentava uma reeleição, que foi interrompida. "Eu fui o prejudicado da atitude, eles responderam como réu e agora são inocentados, mas quem perdeu foi eu. Eu que tive minha candidatura impugnada e não consegui me eleger".

Questionado sobre voltar a atuar na política, Semy garante que não tem pretensão de disputar cargo eleitoral. "Essa situação chocou principalmente a minha família, minha filha mais velha estava envolvida pela primeira vez na minha campanha e todos ficaram chocados. Todos me disseram para abandonar a política. Eu tive que mudar daqui de Campo Grande porque não conseguia emprego, fique  4 anos morando no Acre e minha família foi dividida. Foi um estrago muito grande na minha vida política, disputar cargo eu não quero mais. Militar eu continuo militando, mas cargo não quero disputar mais".